sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Roteiro do filme de 7 á 15 minutos: O que é a Filosofia na PUC

Roteiro Para o filme de Filosofia de 7 á 15 minutos .

Proposta do filme:

Dentro da proposta do professor Daniel em desenvolver um filme sobre a filosofia na Puc., nosso grupo resolveu, desenvolver um filme apresentando como é a filosofia nos diversos cursos de graduação da PUC
Este filme será constituído de entrevistas com diversos alunos de divers as áreas, com os profissionais de Filosofia.

Estrutura.

1º Abertura do filme, apresentando o tema (na abertura constituirá de fleshs das entrevistas mostrando um pouco do que será o filme}
2º O inicio do filme em si, onde apresentaremos a tese norteadora do filme, que conta a historia de uma aluna de filosofia que inquieta com os comentários feitos sobre o seu curso, resolve procurar entender o porquê desta rejeição. Inicia sua longa jornada a procura da resposta sobre a rejeição do curso de filosofia nas diversas disciplinas desta tão grande Universidade.
3º após a decisão de investigar este assunto, vai de inicio comprovar o que as pessoas pensam sobre a filosofia investigando as opiniões de vários alunos de outros cursos na Puc.
Após comprovar o que as pessoas pensam sobre o assunto, a mesma vai confirmar o qual é a proposta da disciplina de filosofia com o coordenador do curso.
No desenvolver da fala do coordenador a estudante se relembra das entrevistas, e no final pensa e tira suas conclusões a respeito da Filosofia na PUC.
Para aqueles que possuem curiosidade em entender o significado da filosofia na graduação e se ela funciona ou não. Assista a nosso filme.. Previsão pra conclusão do filme dia 01 de novembro

Equipe técnica:

Câmera men :Dioni Mangela e Wanderlita Pott
Roteirista: Dione, Jone Dário, Gilberto, Rosana P;Wanderlita Pott.
Sonoplastia: Rosana e Wanderlita.
Edição: Rosana e Wanderlita.
Atores: Dione, Jone Dário, Gilberto, Rosana P;Wanderlita Pott
Participação especial: Professor:: Ericson Falabetti e Professo Reginaldo
Alunos de graduação da PUC PR em:
Engenharia Ambiental
Engenharia Florestal
Engenharia de computadores
Medicina
Fisioterapia
Nutrição
Educação Física
Filosofia.
(Filme e roteirista elaborado por amadores)

Análise do Livro Didático


Análise dos Livros Didáticos

O Livro “ Filosofia” da Filósofa e Professora Marilena Chauí, destinado ao Ensino Médio e Fundamental, foi submetido ao exame de análise sob os seguintes pontos:

1) Conteúdo
2) Apresentação externa
3) Didática
4) Qualidade Visual

1) Conteúdo

No que se refere ao seu conteúdo o livro “Filosofia” está bem estruturado em seu corpo na divisão de Unidades e Capítulos. Para o Ensino Médio e Fundamental o seu desenvolvimento que a autora apresenta a respeito da História da Filosofia obedece a um critério bem específico, quando a mesma faz uma trajetória de toda a História da Filosofia desde o seu conceito primário de saber “O que é Filosofia”, até percorrer pelas principais correntes filosóficas apresentando respectivamente os Filósofos que maracaram cada corrente específica, com sua teoria e obras.

2) Apresentação Externa

O Livro em sua Apresentação Externa nos chama atenção pela sua estrutura organizacional, contém o Título, a Capa, Folha de rosto, nome da autora, editora, ano de sua edição e a Cidade. Quanto as cores, são bem diversificadas e variadas, chamando assim a atenção do aluno. A autora apresenta, para uma melhor metodologia conceitual, o Sumário o qual é dividido em Unidades e Capítulos, os Temas de cada Unidade obedecem a uma ordem cronológica facilitando com que o Professor adentre aos alunos o assunto de cada aula que for aplicada, quanto a metodologia que o Professor irá utilizar caberá ao mesmo encontrar esse caminho de acordo com os critérios que cada Estabelecimento de Ensino proporciona.

3) Didática

Ao que diz respeito a Didática que o Livro oferece, podemos encontrar uma Linguagem adequada ao público, ou seja, aos alunos do Ensino Médio e Fundamental, favorecendo uma compreensão da leitura por parte desses alunos, em outras palavras, o aluno não terá dificuldade em fazer uma leitura vertical do conteúdo, poís, a autora utiliza de exemplos corriqueiros ao explicar determinado termo filosófico, ela partir do simples para chegar ao complexo na reflexão filosófica.
O Desenvolvimento dos conceitos se dá pelo metódo expositivo e a elaboração das questões, elas são apresentadas no final de cada Unidade de acordo com os Capítulos que continham na quela Unidade. No entanto, essa metodologia provoca um grande acúmulo de conhecimentos e conceitos, para facilitar melhor a compreensão do aluno, a aplicabilidade dessas questões poderiam ser mais acessíveis se forem apresentadas no final de cada Capítulo, assim o aluno não encontraria dificuldade em respondê-las.

4) Qualidade Visual

O Livro por ser destinado ao Ensino Médio e Fundamental, apresenta uma carência em sua Qualidade Visual, pois, o mesmo apresenta uma enorme bagagem de conceitos, muitos conceitos e poucas Ilustrações.
A Ilustração é um dos recursos que podem auxiliar na compreeensão de um conceito quando o mesmo não é bem claro na sua explicação e argumentação, constitui uma da ferramentas, principalmente voltado ao público jovem, como é o caso doa alunos do Ensino Médio e Fundamental.



Adotaria ou não e por quê?

Adotaria sim, o Livro “ Filosofia” de Marilena Chauí para os respectivos alunos do Ensino Médio e Fundamental.
No entanto, não ficaria preso somente a aula expositiva, trabalharia com os alunos metodologias que pudessem viabilizar uma maior participação, usando como recursos, caso o Estabelecimento de Ensino me fornecesse materiais visuais como slides, filmes, documentários, ilustrações, canções e outros meios. Cada vez mais o desafio de ensinar Filosofia, constitui para nós eternos aprendizes, uma dialética processual que envolve Teoria, Vida e Experiência.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Instituições e Pesquisadores


Instituições e Pesquisadores


As Instituições as quais foram pesquisadas pudemos constatar que a maioria viabilizam seus projetos no terreno das pesquisas científicas e tecnológicas, tendo como protagonistas os Pesquisadores, sejam eles, alunos, professores, mestres ou doutores. Todos envolvidos a um único objetivo: divulgar seus trabalhos científicos, dentro do rigor metodológico exigido por cada Instituição, tenha credibilidade frente a essas Instituições e possam servir de estímulo para tantos estudantes e leitores que iniciam seus primeiros passos nessa itinerante jornada chamada produção do Conhecimento.
Sabemos, no entanto, e não podemos negar da força de vontade, das resistências, das dificuldades, principalmente financeira, e das provações que muitos desses pesquisadores passam ao longo dessa caminhada ao tentar divulgar com coragem e determinação o fruto de seu trabalho científico, que, entre idas e vindas, foi resultado de meses, semestres e anos de muitas leituras, fichamentos, reflexões, a fim de chegar á construção não acabada e nem fechada de sua tese argumentativa, que todo curso exige frente á Formação daquele Pesquisador.
Os campos de pesquisa pelos quais as Instituições oferece, como foi constatado, são largamente variados e disponibilizados, porém, exige do pesquisador a atenção quanto aos cânones que cada Instituição possui e o seu respectivo objetivo ao financiar determinado Projeto, é preciso ter uma clara evidência e objetividade quanto à qualidade do projeto que pretendo divulgar, a parte financeira que a Instituição viabiliza, pois, imersos no mundo do capitalismo nada é financiado de graça sem um determinado fim e o resultado que terei ao empreender minha pesquisa científica para o futuro, e o público que pretendo atingir.
É importante ressaltar que todas essas prerrogativas não estão imunes das críticas que certamente virão: da própria Instituição que financia o projeto, dos outros pesquisadores que analisarão o projeto, dos companheiros de pesquisa, das universidades e de tantas pessoas que terão em mãos o projeto, tudo isso para alcançar os objetivos almejados.
Temos, portanto, a credibilidade que essas Instituições possuem devido os longos anos de experiência, vemos dentre elas, que nenhuma na sua análise histórica, têm menos do que dez anos de existência fundacional e o investimento que elas depositam aos nossos guerreiros pesquisadores, independente da área de atuação, pois, no processo da construção do Conhecimento, o homem, segundo Nietzsche, é um animal ainda não consolidado, porque seu crescimento não se dá apenas por um esforço da natureza, mas pressupõe a ação do homem sobre si mesmo: “... Também entre os homens os casos bem-sucedidos constituem exceção,e, dado que o homem é o animal ainda não determinado, são mesmo uma exceção rara.” [1]
[1] B.M. 62

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Construção da Genealogia da Moral em Nietzsche

CONSTRUÇÃO DA GENEALOGIA DA MORAL EM NIETZSCHE

A abordagem e a construção da Genealogia da Moral datado do ano de 1887, a obra mais importante de Nietzsche no campo da moral, é fruto de todo um processo histórico reflexivo que o Filósofo vinha elaborando. Seus escritos anteriores á Genealogia, como Assim Falou Zaratustra do ano de 1885, e Além do Bem e do Mal de 1886, constituem pilares integrantes do ousado projeto fundado pelo postulado da “Transvaloração de todos os valores”. Esse postulado deixa transparecer que o problema de toda a tradição filosófica é um problema de valor e nesse sentido a Genealogia da Moral se apresenta como um fecho e complemento dos elementos constituintes da moral.
A Genealogia da Moral é um compêndio de conceitos que Nietzsche, com genialidade, discorre no terreno da moral, poís, ele aborda nas suas três dissertações temas de grande relevância, como a dor, a culpa, o ressentimento e o ideal ascético. É neste constante exercício que o Filósofo nos conduz a uma análise reflexiva a respeito do valor dos valores que adentram o homem.
Nietzsche como Filólogo, constitui uma importante ferramenta em nossa reflexão, para a construção dos conceitos e termos na Genealogia, por isso no sentido estrito da palavra, o termo genealogia nos remete ao estudo da gênese das coisas, ou seja, procura uma busca da investigação das origens remetendo ao passado, perpassando as gerações, assim por exemplo, pode-se fazer a genealogia, usando como elementos indissociáveis os dados investigativos, de uma famíla, de um grupo étnico, de uma determinada cultura, de um povo, de uma religião e etc.
É nesta análise reflexiva que a Filosofia de Nietzsche nos propõe uma genealogia da moral e ele, devido a sua forma original, é o precurssor na utilização deste termo no campo filosófico e com base na definição que ressaltamos anteriormente, encontramos aqui, segundo Nietzsche, uma investigação sobre as origens dos valores morais e essa investigação é possível tecer um olhar crítico sobre esses valores que foram gerados do chão em que brotaram, a moral cristã ocidental, e o próprio Nietzsche, reforça essa investigação quando o Filósofo afirma: “Necessitamos de uma crítica dos valores, o próprio valor desses valores deverá ser colocado em questão, para isso é necessário um conhecimento das condições nas quais nasceram, sob as quais se desenvolveram e se modificaram” [1]. Nietzsche construiu a Genealogia da Moral em três grandes dissertações, pautando em cada uma temas bastantes relevantes e polêmicos no que tange a expressão da linguagem poética e desconcertante.
Na primeira dissertação Nietzsche trabalhará os conceitos de “bom e mau”, nestes ele aborda alguns aspectos a respeito da história da emergência das formas da valoração, por isso seu objetivo é desestabilizar a moral, no sentido mais estrito, consiste na psicologia da Cristianismo, assim o Filósofo alemão escreve em Ecce Homo: “... A verdade da primeira dissertação é a psicologia do Cristianismo á partir do ressentimento...” [2]. Nietzsche desenvolverá sua crítica mais ferrenha, conforme seu estilo de filosofar com o “martelo”, ao Cristianismo, poís, dele é que se originam, segundo o Filósofo, toda e qualquer forma de negação a vida, pautada em duas grandes morais: a moral tipo nobre e a moral tipo escrava.
Assim Nietzsche descreve essas duas morais: Na moral tipo nobre temos a atitude de afirmação a si mesmo, o tipo mais elevado de homem, é no seio dessa moral tipo nobre que se constituirá a formação da moral de rebanho, tema pelo qual, Nietzsche desenvolverá nas demais obras. Na moral tipo escrava, o Filósofo trabalha a constituição do tipo homem do ressentimento, este ao contrário daquele, faz a negação a si mesmo, o tipo manso e medíocre e quanto mais medíocre ele for, “melhor” será para ele viver subordinado a uma moral vigente e preponderante, a moral nobre.
Na segunda dissertação, Nietzsche trabalhará os cocnceitos de “culpa” e “má consciência”. Assim descreve o Filósofo: “...Mas como veio ao mundo aquela outra ‘coisa sombria’, a consciência da culpa, a má consciência”? [3]. A relação estabelecida por Nietzsche ao tratar da ‘culpa’ que o homem assume perante a si mesmo diante da desobediência frente a Divindade, remonta a idéia de dívida, encontra sua raíz na relação contratual entre credor e devedor: “...Já revelei – na relação contratual entre credor e devedor, que é tal velha quanto a existência de pessoas jurídicas,e que por sua vez remete ás formas básicas de compra, venda, comércio, troca e tráfico...” [4].E essa relação ganhou forma e corpo quando ela foi posta no alicerce da moral cristã, ou seja, segundo Nietzsche, o homem por sua desobediência aos preceitos divinos, tem como paga, a punição e o castigo.
Por último, na terceira dissertação Nietzsche questionará a respeito do ideal ascético e qual o seu valor para o homem: “ ...O que significam ideais ascéticos? – Para os artistas nada, ou coisas demais; para os filósofos e eruditos, algo como instinto e faro para as condições propícias a uma elevada esperitualidade...” [5].
Vemos, portanto, que a descomunal obra, Genealogia da Moral, na qual Nietzsche trabalha com afinco e desdobra as origens de toda e qualquer moral, o Filósofo define nas três dissertações o tipo de niilismo e decadência que se encontram nas três figuras principais de sua obra: o ressentimento, a má consciência e o ideal ascético.
“...No dia, porém, em que com todo o coração dissermos: ‘avante! Também a nossa velha moral é coisa de comédia!’ – teremos descoberto novas intrigas e possibilidades para o drama dionisíaco do ‘Destino da Alma’; e ele saberá utilizá-las, disso podemos ter certeza, ele, o grande, velho, eterno poeta-comediógrafo da nossa existência.” [6] Friedrich Nietzsche - 1887

[1] Prólogo. G. M. I
[2] A.C. 24
[3] G.M. O4, II.
[4] G.M.O4, II.
[5] G.M. 01, III.
[6] Prólogo 07, G.M.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

TEMA:ÉTICA (elaboração para o cadernode atividades)

Desenvolvimento do tema Ética: Resultado da elaboração para o caderno de atividades
Jone Dário Rodrigues da Cunha [1]
Tema: ÉTICA

Em todo o processo da construção humana, nunca um tema foi tão relevante e atual quanto a Ética, ela perpassa por todos os setores da Sociedade, na Família, na Política, na Religião, na Ciência, na História, na Teologia, na Antropologia, na Sociologia, nas Relações Humanas e na Filosofia. Quantos Debates, Fóruns, Simpósios e Congressos tiveram como centro de suas discussões a Ética nas mais variadas dimensões, vez por outra, a Ética precisa ser resgatada para que as pessoas não percam o sentido de suas ações, avaliando se determinada atitude foi uma atitude ética.
No mundo da Filosofia inúmeros Filósofos e Pensadores dedicaram toda sua vida investigando, analisando, argumentando e questionando a respeito da Ética. Porém, antes de analisarmos o que alguns Filósofos pensaram postularam sobre a Ética é importante vermos a sua definição juntamente com a Moral, pois, há sempre uma aproximação e distinção entre esses dois conceitos.
Moral tem em primeiro lugar, os dois significados correspondentes aos do substantivo moral, primeiro atinente á doutrina ética, segundo atinente á conduta, suscetível de avaliação moral. Outro conceito de Moral podemos defini-lo como um conjunto de regras de conduta consideradas, quer de modo absoluto para qualquer tempo ou lugar, quer para grupo ou pessoa determinada.
A Ética temos como definição o estudo dos juízos de apreciação que se referem á conduta humana. Em geral, ciência da conduta, no entanto, podemos ter duas concepções fundamentais a respeito dessa ciência, a primeira que considera ciência do fim para o qual a conduta dos homens deve ser orientada e dos meios para atingir tal fim, deduzindo tanto o fim quanto os meios da natureza do homem. A segunda concepção a que considera como ciência do móvel da conduta humana e procura determinar tal móvel com vistas a dirigir ou disciplinar essa conduta, nessas duas concepções as quais se misturaram de várias maneiras na Antiguidade e no mundo moderno, são profundamente diferentes e falam duas línguas diversas. A primeira fala a língua do ideal para o qual o homem se dirige por sua natureza e por conseguinte da essência ou substância do homem. A segunda diz respeito dos motivos ou causas da conduta humana, ou as forças que a determinam, pretendendo ater-se ao conhecimento dos fatos.
Após abordarmos essas definições nos deteremos agora sobre o que alguns Filósofos analisaram a respeito da Ética. Comecemos por Platão. As doutrinas éticas elaboradas por Platão se encontram expressa em A República e a que está expressa em Filebo, pertencem á primeira das concepções que abordamos anteriormente. A Ética exposta na República é uma Ética das virtudes, e as virtudes são funções da alma determinadas pela natureza da alma pela divisão das suas partes. A Ética de Filebo começa definindo o bem como forma de vida que mistura inteligência e prazer sabendo determinar a medida dessa mistura.
Em Aristóteles temos como postulado da Ética o propósito da conduta humana, a felicidade, á partir da natureza racional do homem e logo em seguida ele determina as virtudes que são condição da felicidade.
Podemos encontrar também a Ética dos estóicos, com a sua máxima fundamental de viver segundo a razão, deduz as normas de conduta da natureza racional e perfeita da realidade. Quando vemos alguns desses filósofos e correntes filosóficas analisarem a respeito da Ética imaginamos que seus conceitos e análises já nos deram uma definição completa, fechada.
No entanto, a Filosofia Moderna, apresenta para nós um Filósofo que soube como ninguém analisar sistematicamente e categoricamente a Ética em todos os seus estilos, formas, sentidos, concepções e definições no mais alto grau, formalista e sistemático em seus fundamentos e argumentos: nascido numa pequena cidade da Prússia, Konisgsberg, Immanuel Kant (1724 – 1804) postulou a Etica sobre o tribunal da razão, ponto de convergência do pensamento filosófico anterior, a obra de Kant constitui ao mesmo tempo, fonte da qual brota a maior parte das reflexões dos Séculos XIX, XX e adentrando ao Século XXI.
O universo espiritual, submetido por Kant ao crivo da análise crítica, é composta de elementos variados e esses elementos podem ser sintetizados em torno de duas grandes questões, á partir das quais se desdobram inúmeras outras.
A primeira grande questão diz respeito ao conhecimento, suas possibilidades, seus limites e suas esferas de aplicação. A segunda grande questão que sintetiza o universo das idéias ao tempo de Kant e ao nosso tempo também é o problema da ação humana, ou seja, o problema ético.
O que Kant quer tratar de analisar, argumentar é saber não o que o homem conhece ou pode conhecer a respeito do mundo e da realidade última, mas do que deve fazer, de como agir em relação a seus semelhantes, de como proceder para obter a felicidade ou alcançar o bem supremo.
A essas duas grandes questões aliaram-se no espírito de Kant os problemas da apreciação estética e das formas de pensamento da biologia, cujas peculiaridades em relação ao problema do conhecimento e ao problema ético articulou numa visão sistemática das funções e dos produtos da razão humana. Foi sobretudo em três grandes obras: Crítica da Razão Pura (1781) analisa o problema do conhecimento; Crítica da Razão Prática (1788) analisa o problema ético e moral; Crítica da Faculdade do Juízo (1790) estuda a beleza natural e artística e o pensamento biológico; outra obra pautada neste terreno da moral é a Fundamentação da Metafísica dos Costumes (1885), nesta Kant afirma a necessidade de formular uma filosofia moral pura, despida, portanto, de tudo que seja empírico.
Dentro dessa perspectiva, a moral é concebida como independente de todos os impulsos e tendências naturais ou sensíveis, a ação moralmente boa seria a que obedecesse unicamente á lei moral em si mesma e esta seria somente estabelecida pela razão, o que leva a conceber a liberdade como postulado necessário da vida moral. Em suma, para Kant, a vida moral somente é possível na medida em que a razão estabeleça, por si só, aquilo que se deva obedecer no terreno da conduta. Todas essas questões filosóficas compareceram diante de um tribunal, especialmente formado para julgar a razão: a crítica.
A análise do problema ético e moral abordados na sua segunda grande obra kantiana, nos faz refletir a respeito de nossas atitudes e o valor moral que damos a ela: Na Crítica da Razão Prática Kant procura salvar a metafísica, demolida na Crítica da Razão Pura. No campo prático, do agir, o valor, a moralidade, é dada sistematicamente a priori, pois, esta se impõe dum mundo absoluto, necessário, não por parte de Deus, mas por parte do homem, donde a autonomia da moral kantiana.
Entretanto, a ação moral é válida, como abordamos anteriormente, enquanto é imune de elementos sensíveis (instintos, impulsos, paixões), diferentemente do conhecimento científico, que sem elementos sensíveis e materiais, seria vazio e formal. A pureza inteligível da moralidade – razão prática – imune de toda sensibilidade daria á razão prática um primado sobre o conhecimento – razão teorética - onde o elemento inteligível, formal, é necessariamente contaminado pela sensibilidade. Os postulados da razão prática são Deus, Alma e a Liberdade. Tais postulados seriam deduzidos pelo fato de que a moralidade é um valor absoluto, mas desconhecia ao mundo.
Daí a necessidade de um outro mundo, onde a virtude seja justamente recompensada; a necessidade da liberdade da vontade, para que seja possível o juízo moral; a necessidade de Deus, juiz das almas. Este contraste entre virtude e felicidade parece ser explicado por Kant mediante a sua doutrina do mal radical, a quebra do imperativo categórico, no seu grau mais fundamental.
As obras de Kant que tratam dos problemas morais não abordam os costumes e as ações humanas, tais como elas ocorrem de fato. O Filósofo alemão buscou os princípios necessários e universais das ações humanas enquanto produtos da razão pura em sua dimensão prática.
Durante a pesquisa e análise deste tema um tanto quanto desafiador, podemos perceber que em última instância, as pessoas pelas quais entrevistamos foram unânimes no conceito sobre Ética, todas elas afirmaram que se a Ética é aquilo que trago comigo, minhas ações morais, pratico e me faz bem, também faz bem ao próximo, assim pontuaram: ser honesto, não mentir, ser fiel aos compromissos, ter uma conduta íntegra quanto ao meu estado de vida que optei, salvaguardar os valores cristãos, defender a vida, resgatar a dignidade humana em toda a sua dimensão, amar ao próximo desinteressadamente, perdoar sem alimentar remorsos, enfim, procurar nas minhas atitudes, fazer sempre bem ao próximo.
Portanto, desde as pessoas mais simples, como agricultores e donas-de-casa, até aqueles que são formados e têm uma função ética e pastoral na Sociedade, como Padres, Prefeitos, Juízes, enfim, todos, mesmo com outras palavras expressaram a tese fundamental do imperativo categórico de Kant : a virtude por si só não adquiri garantia nenhuma, somente a ação moral irá validar esta virtude.

“Silenciemos a respeito de nós mesmos”
“Age de tal modo para que a norma de seu proceder possa torna-se uma Lei Universal” ( Immanuel Kant)

Referência Bibliográfica

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Aurélio século XXI: o dicionário da língua portuguesa. 3. Ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,1999, 2128.

ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia, 4º ed. Martins Fontes. São Paulo, 2000.

ABBAGNANO, Nicola. História Da Filosofia, v. VIII. ed. Presença.

KANT. Immanuel. Crítica da razão pura, v. XXV. 1º ed.”Coleção: Os Pensadores”


[1] Graduando de Licenciatura do Curso de Filosofia, da Pontifícia Católica do Paraná.

Metodologia da Pesquisa em Educação: Analítica e Dialética

Análise do Texto Metodologia da Pesquisa em Educação: Analítica e Dialética


Jone Dário Rodrigues da Cunha



1) TEMA: Do que trata

O tema deste trabalho, extraído do artigo do Prof. Dr. Edmilson Paschoal, trata-se da Metodologia da Pesquisa em Educação: Analítica e Dialética.

2) TESE: O que defende

O Prof. Dr. Edmilson, defende em seu artigo a forma do uso dos métodos Analítico e Dialético nas suas mais diversificadas exposições, conteúdos e essencialmente a necessidade que o aluno deverá escolher um deles nas suas pesquisas, também o objetivo que cada método se propõe a abordar, na produção de textos em Educação, mas para se chegar a esta análise o autor apresenta uma definição do conceito de método e a sua pertinência ao longo da História da Filosofia baseada no desenvolvimento do pensamento filosófico dos Pensadores desde a antiguidade até a época contemporânea.

3) NOÇÕES: Conceitos importantes.

Para compreendermos a análise que o Prof. Edmilson aborda é importante ressaltar alguns conceitos pertinentes que contribuem para um maior esclarecimento de sua idéia.
Como primeiro conceito temos o de método. Segundo o autor o termo método esta mais ligado a sua raiz etimológica do grego methodos e do latim methodu, expressando a idéia de caminho, após, esse significado inicial passou a incluir os procedimentos que servem para alcançar certos resultados, no entanto, passou a designar á boa ordem na disposição dos raciocínios que podem ser de forma oral ou escrita. A partir do Século XVII, precisamente o termo método já não caracteriza como um caminho que conduz a uma verdade, ele caracteriza o status da garantia dessa verdade produzida pela ciência.
Método e resultado: tese/ explicitação: Citando o autor Victor Goldsmit, Edmilson nos mostra que não há uma dissociação da tese e de sua explicitação “doutrina e método, não são elementos separados, o método se encontra em ato nos próprios movimentos do pensamento filosófico e sua principal tarefa a do intérprete é restituir a unidade desse pensamento que inventa teses, praticando um método”, ou seja, para toda e qualquer pesquisa é necessário o uso de um método, em se tratando da produção de sistemas filosóficos.

Analítico: modelo metodológico que têm como método fundamental a análise
Dialético: modelo metodológico que têm como método fundamental o diálogo em duas premissas, tese e antítese.
Princípio de não-contradição: algo que pode ser e não ser ao mesmo tempo e sob o mesmo aspecto, ou seja, uma análise não pode ter uma tese falsa e verdadeira ao mesmo tempo.

4) ARGUMENTOS: Produção do raciocínio.

Para sustentar sua idéia inicial, o autor apresenta de forma breve a oposição dos modelos metodológicos, a analítica e dialética, oriundas da Grécia Antiga que foram concebidas com duas formas contrárias de conceber o mundo, na perspectiva Heraclitiana e Parmediana. Para Heráclito o mundo está em constante mudança e nada permanece para sempre, já para Parmênides, admite que neste mundo não deve haver mudanças substanciais. Segundo, Edmilson, teríamos aqui de forma embrionária, os dois princípios metodológicos que se estudam, no de Heráclito o dialético e no de Parmênides o analítico.
Outro ponto de argumentação que o autor levanta é que o termo diálogo é estabelecido por Platão, nos escritos Diálogos. No esclarecimento do termo analítica, o autor nos mostra que esse termo é utilizado pela primeira vez por Aristóteles nos escritos que tratam sobre Lógica- Primeiros Analíticos e Segundos Analíticos e este modelo analítico fundamentado pelo filósofo é aplicado por preposições e estas são frases compostas de sujeito e predicado que podem ser analisadas de acordo com seus quantificadores podendo ser afirmativa ou negativa.
Outra fundamentação importante que o autor nos apresenta é em relação ao princípio de não-contradição, este passa a ser um dos aspectos de grandes disputas entre analíticos e dialéticos, para os analíticos esse princípio é um quesito que serve para descartar um discurso, já para os dialéticos concebem como um princípio ativo e inerente a todas as coisas.
Duas considerações que o autor apresenta para reforçar a discrepância que há entre os analíticos e dialéticos: a primeira volta-se ao esclarecimento que os dialéticos chamam de contradição, equivale ao quadro lógico dos analíticos, a contrários. A segunda consideração é a necessidade que os analíticos possuem de terem um sujeito lógico, já para os dialéticos, a resposta á pergunta pelo sujeito, está voltada ao Absoluto, em alguns casos e em outros está pautada ás estruturas econômicas de produção, porém, nunca a algum indivíduo particular.
Por último, outro ponto de argumentação que o autor apresenta é a dialética concebida por Hegel, este que ao longo da história da filosofia implantará o seu método. Para Hegel, a dialética torna-se um olhar a respeito do passado e um método de explicação, de um desdobramento que se faz na história a um determinado fim, ou seja, Hegel concebe a dialética como sendo a maneira ou forma pela qual se tem o desdobramento do Absoluto – a Idéia- na história.
Concebida dessa forma constrói-se á a partir daí um grande dilema em volto à dialética, contrastando a dialética de Hegel com a de Marx. Edmilson nos aponta uma diferença essencial entre as duas formas de dialéticas desses dois filósofos: Para Hegel são as idéias – o Absoluto- que colocam a realidade, já para Marx é a realidade material, vista como os processos produtivos e os conflitos de classes que produz as idéias, ou seja, segundo Marx não é a idéia – Absoluto - que se constitui na história por meio de contradições, mas são as relações sociais – formas de organização – que vão se modelando conforme os modos de produção.
Assim como vemos as mudanças implicadas na dialética e toda a sua construção, da mesma forma a analítica também passa por essa mudança, entre as mais significativas o autor aponta que ela ocorre no início do Século XX onde é identificada pela expressão Filosofia Analítica, iniciada por Moore e B. Russel, na Inglaterra, com Wittgenstein ela ganha contornos de Filosofia da Linguagem. Independentemente das suas mudanças e variações o que é importante ressaltar é análise presente na Filosofia Analítica, e este constitui o seu caráter essencial.

5) COMENTÁRIOS: Sua opinião

Após essas abordagens em que o Prof. Dr. Edmilson nos apontou com bastante precisão no que diz respeito ao método e respectivamente ao analítico e dialético, como pressupostos para a educação, fundamentados nos filósofos, podemos observar que o exercício da pesquisa e da produção dos textos filosóficos nos aponta para uma visão, não unilateral das coisas e das realidades, mas nos impulsiona a percebemos que qualquer pesquisa, seja qual for sua temática, ou método que seja utilizado, jamais se esgota em si mesmo, mas garante a nós pesquisadores e leitores e a tantos que se dispuser a iniciar sua pesquisa, a ter várias perspectivas de leitura e reflexão, partindo de si mesmo e indo de encontro ao outro nessa constante dinâmica do processo da construção do Conhecimento.



Referência Bibliográfica

Revista Diálogo Educacional – v.2 –n.3 – P.161-169 –Jan. /Jun. 2001


Quatro pontos marcantes da teoria de Jonh Locke sobre o Conhecimento

Os quatro pontos marcantes sobre a concepção de Conhecimento, segundo a teoria de Jonh Locke: análise e importância para a Teoria do Conhecimento


1º O Conhecimento não é inato

Para Locke o Conhecimento vem da experiência, e é reconhecida pelas faculdades naturais (mente). Locke descreve que ao nascermos nossa mente é uma tábua rasa ou uma folha de papel em branco e nesta folha vão sendo gravadas as experiências produzidas pelo meio externo (sensações), essas experiências são apreendidas e reconhecidas pelas faculdades naturais. Portanto, a construção do Conhecimento é apreendido pela experiência. Contrapondo Descartes, este afirmava que o Conhecimento é inato, já está em nossas mentes, como certos princípios e verdades, já impressos na nossa alma. Locke refuta esse argumento de Descartes, pois, se o Conhecimento é inato e estão impressos na alma, então a existência dessas verdades e princípios são conhecidos por todos (universalmente), então essas verdades e princípios não são inatos.
Temos aqui um questionamento, em que momento essas verdades implicam em que devem ser percebidas, entendidas ou usadas pela mente? Em nenhum momento, pois, sendo o homem finito, não chegará a conhecer á todas as verdades impressas na alma, portanto, o Conhecimento de verdades e princípios não são inatos, Locke ressalta e afirma, que a capacidade é inata, mas o Conhecimento é adquirido.
A Obra de Locke tornou-se de grande importância para a Teoria do Conhecimento, pois, ela define e sustenta a corrente filosófica do empirismo, tendo como suporte a experiência fundamental para o Conhecimento e o empirismo foi de grande relevância sendo adotado por outras ciências como, por exemplo, a Lógica, a Linguagem, a Política, a Teologia e etc. Vemos então que o empirismo constitui um método científico e seguro, pois, só podemos conhecê-lo pela experiência.


2º As Idéias

Uma segunda característica sobre o Conhecimento para Locke, podemos abordá-la a respeito da Idéias. As Idéias têm sua origem no meio externo, ou seja, são obtidas das sensações percebidas do meio externo, são captadas pela mente vazia, sendo registradas pela experiência e armazenadas pela memória, que são usadas posteriormente quando necessárias. É a mente que enriquece a linguagem material, dando nome para as impressões que vem do meio externo, assim a mente vai ampliando seus conhecimentos, apreendendo gradualmente, exercitando a faculdade natural a razão torna-se mais visível, pois, é ampliado pelo emprego da idéia de linguagem material. Locke nos aborda dois tipos de idéia e as diferencias: as idéias simples e as idéias complexas.
As idéias simples não podem ser formadas pela mente e nem destruídas, pois, não se podem estabelecer distinções como amarelo, branco, duro, liso e outras características, pois, elas são sugeridas ou fornecidas á mente pela sensação ou reflexão. Já as idéias complexas, estas constituem as associações das idéias simples, como por exemplo, a mesa que tem uma qualidade dura e é de cor branca. As idéias simples são particulares e orientam posteriormente para as idéias complexas. Para Descartes nossa identidade se constituem no ser pensante “cógitus”, Locke refuta o argumento cartesiano e afirma, segundo o empirismo, que as ações, o prazer, o sofrimento, são sensações apreendidas pela consciência e são pertencentes à identidade pessoal. A importância do empirismo de Locke, para a Teoria do Conhecimento, é que ele está aberto a novas reflexões e sua compreensão nos lança e nos orienta para a compreensão científica do mundo acerca das realidades presentes


3º As operações interna e externa – a fonte do Conhecimento

Outra característica marcante que podemos abordar a respeito da obra de Locke, a respeito do Conhecimento, vem do postulado das operações interna e externa. Como vemos a sua tese central é de que tudo o que conhecemos vem da experiência, ele não nega que o homem é consciente de que pensa, no entanto, á medida que ele está pensando vai se ocupando de idéias e estas são apreendidas unicamente pela experiência. Se o Conhecimento vem da experiência, ela é desenvolvida por meio das operações externas, do objeto sensível e interna, o que a mente percebe e reflete e aqui, através dessas operações, encontramos a fonte do Conhecimento e onde derivam todas as idéias, assim o próprio Locke afirma seu pensamento neste argumento: “ Afirmo que estas duas, a saber, as coisas materiais externas, como objeto da sensação, e as operações de nossas próprias mentes, como objeto da reflexão, são, a meu ver, os únicos dados originais dos quais as idéias derivam” [1].
É importante ressaltar que o processo da apreensão das idéias pela experiência, somente será possível se a mente estiver ativada, ativa e atenta, pois, não têm como a sensação ou a reflexão absorver, captar qualquer coisa e levar á mente, se esta não estiver atenta (atenção), se não for ativada e não estiver ativa para operacionar esse processo do Conhecimento. Podemos perceber que a contribuição de Locke, quando nos aborda a respeito dessas operações interna e externa, para a Teoria do Conhecimento, nos remete a uma compreensão que mais tarde a Psicologia Comportamental irá trabalhar com as crianças utilizando desses elementos para que elas adentrem ao mundo das coisas visíveis e reais, isso demonstra mais uma vez o grande salto qualitativo do empirismo que se apresenta como uma nova proposta de reflexão acerca das coisas e do mundo e de nossa maneira de interagir junto a essas realidades.


4º A Concepção de Alma

Outra grande característica marcante a respeito do Conhecimento, segundo Locke, é a sua abordagem sobre a Alma. Locke concebe a alma como uma operação da mente. Assim como o movimento estar para o corpo, o movimento da alma é o pensar e este pensar é sempre consciente, é atento e vigilante, ou seja, consciência e pensamento é atenção. Locke assim argumenta seu pensamento: “imagino que a percepção das idéias é para a alma o que o movimento é para o corpo, isto é, não é sua essência, mas uma de suas operações.” [2]
Com esta sua afirmação ousada e inovadora, Locke desconstrói todo o edifício argumentativo pelo qual Descartes sustentou sua tese nas Meditações, postulando que a Alma é essência, é o próprio pensar e bem antes de Descartes, Platão considera também que a Alma é essência. E mais do que isso a Alma, segundo Locke, não é substância e não é evidente por si mesma, pois, isso requeria uma petição de princípio (aquilo que a pessoa quer provar constitui uma prova) e não uma prova racional e mais uma vez Locke organiza seu pensamento da tese de que tudo nos vem pela experiência: “... que esta substância esteja perpetuamente pensando, ou não, não podemos ter mais segurança do que nos informa a experiência. Afirmar que o pensamento real é essencial á alma e inseparável dela é uma petição de princípio e não uma prova racional, sendo necessária apresentá-la, por não se tratar de uma proposição evidente por si mesma.” [3]
Portanto, qualquer argumento, segundo Locke, parti de sua tese central, da experiência. Vemos que a importância de sua concepção a respeito da Alma dentro da Teoria do Conhecimento, constitui uma verdadeira revolução do raciocínio lógico, pois, durante muito tempo Descartes sustentou na sua tese que a Alma é o próprio pensar e nisso constituía toda verdade irrefutável, no entanto, Locke nos apresenta uma reflexão mais inovadora e ousada, digamos uma nova forma de pensar a respeito das coisas que nos foram postuladas e fechadas, a corrente filosófica do Empirismo, tendo como grande referencial John Locke, nos abre um enorme oceano de possibilidades na construção do Conhecimento e nos faz refletir da enorme contribuição de seu pensamento para a atualidade, é lamentável que Locke não seja tão estudado e pesquisado como deveria ser, quando o confrontamos com os Colossais do pensamento Ocidental, como por exemplo, Nietzsche e Kant.



[1] Livro II, Cap. I, Art. 4. Ensaio Acerca do Entendimento
[2] Idem
[3] Idem

quarta-feira, 10 de setembro de 2008


1. ABORDAGEM DO PENSAMENTO FILOSÓFICO DE NIETZSCHE

Dentre os clássicos da Filosofia Moderna, Friedrich Nietzsche, seja com certeza, o pensador mais incômodo e provocativo que o Século XIX tenha conhecido devido á sua vocação crítica e firme que o levou ao ubmundo da civilização ao escavar os subterrâneos da moral e trazer á tona o produto contaminado por seu domínio, a construção de uma cultura ocidental pela qual ergueu o edifício da moral cristã.
O seu pensamento filosófico podemos compará-lo a uma espécie de antena que capta, registra e anteipa questões e desafios os quais permeiam o ser existente do homem.Sua ambição é realizar um diagnóstico fiel e verdadeiro da situção do homem moderno e das suas angústias a respeito de sua existência no mundo. Para Nietzsche, filosofar é um ato que está enraizado na vida e caracteriza um exercício de liberdade e originalidade em sua reflexão.
O seu comprometimento com a autenticidade da reflexão exigia dele vigilância crítica permanente denunciando como impostora toda e qualquer forma de mistificação intelectual, isso o caracteriza como m dos grandes mestres da suspeita ao dnunciar a moralidade como transformação vulagarizada de antigos valores metafísicos e religiosos. Com seu estilo audaz e inovador, de pensar filosoficamente, submeteu a crítica todos os domínios vitais da civilização ocidental – cientíicos, religiosos, antropológicos e éticos – com a sua maneira de filosofar a “golpes de martelo” levou-o a bater frontalmente com as grandes correntes histórica as quais foram responsáveis pela formação da cultura ocidental – a tradição pagã greco romana e a judaico cristã.
Nietzsche não poupou de sua crítica ferrenha nenhum dos mais acalentados artigos de fé, tornou-se um irredutível e impiedoso crítico das crenças canônicas. O seu ato de criticar filosoficamente, diferente dos seus antecessores, o caracteriza como um dos mais intransigentes críticos do nivelamento e da massificação da humanidade:” Parece que todas as coisas grandes, para se inscrever no coração da humanidade com suas exigências, tiveram primeiro que vagar pela Terra como figuras monstruosas e apavorantes: uma tal caricatura foi a filosofia dogmática,a doutrina vedanta na Ásia e o paltonismo na Europa..” [1].
Nietzsche coloca-se com um forte opositor á supressão das diferenças, á padronização de valores que tendo o pretexto e a justificativa da universalidade, mascara a imposição totalitária e arbitrária dos interesses particulares, por isso sua crítica é rigorosa ao conceito de igualdade entendida como uniformidade pautada numa moral vigente,a Moral de Rebanho. Nesse sentido o Filósofo alemão denuncia a transformação das pessoas em peças anônimas da engrenagem global de interesse e a manipulação massificadora de corações e mentes á serviço dos grandes formadores de opinião.
Em todo processo no decorrer da História universal e da herança cultural herdada da tradição ocidental, Nietzsche forjou conceitos e figuras do pensamento que até hoje estão presentes no vocabulário e não deixam de povoar o imaginário literário, político, filosófico e artístico: por exemplo as noções de Apolo e Dionísio, transformaadas em categorias estéticas; os conceitos de Vontade de Poder, Além-do-homem, Eterno Retorno, Niilísmo e a proclamação da Mortede Deus. Inserido entre o final e o início de duas eras -1844 seu nascimento e 1900 sua morte – Nietzsche viveu e pensou em profundidade a crise que se abatia por toda a Europa no final do Século XIX.
Seu pensamento instaurou a passagem a um novo milênio quando ele restituiu e reverteu as perspectivas fossilizadas a um único modo de pensar, dinamitando todos os conceitos pré-determinados e construídos por essa uniformidade do pensamento.
Portanto, temos em Nietzsche, o Filósofo que acreditava numa Filosofia a qual fosse brotada das expeiências e vivências pessoais, como pensador soube apreender filosoficamente a experiência intelectual que anima, modifica, martela e revoluciona: “Moro em minha própria casa, nada imitei de ninguém e ainda ri de todo mestre, quem não riu de si também!?” [2]
[1] Prólogo. ABM
[2] Epígrafe.G.C.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

A Filosofia das canções de Chico Buarque na Censura da Ditadura Militar

A Filosofia das canções de Chico Buarque na Censura da Ditadura Militar

É indiscutível a relevância da obra de Chico Buarque na história da arte brasileira contemporânea, tanto na música, como na literatura, no teatro, no cinema e principalmente no cenário dos tempos de “chumbo grosso”, onde a Ditadura Militar censurou duramente qualquer manifestação artística, musical, teatral, estudantil - não esqueçamos que nesta época a disciplina de Filosofia foi banida das Universidades e muitos universitários foram presos e torturados por causa de suas publicações e participações nas manifestações - manifestações que criticavam duramente o Governo dos Militares. Entre tantos aqueles que não se calaram frente a este Governo e que sofreram as consequências de suas publicações artísticas, principalmente musical, temos a Figura Iminente de Chico Buarque.
Por sua caligrafia de poeta-repórter, Chico Buarque viveu um corpo a corpo encarniçado com a Ditadura Militar. Chico toureou a Censura através de metáforas e imprimiu uma linguagem cifrada que não tirou a beleza de suas músicas, nem reduziu seu trabalho á mera fabricação de panfletos de vida curta. Chico compôs sua primeira música em 1959 “Canção dos Olhos” cinco anos mais tarde, os militares tomam o poder no Brasil, a esse tempo Chico começa a superar uma fase definida ppor alguns como imatura ou alienada – de belas canções sem conteúdo político – e mesmo compondo músicas de grande aceitação popular e que não atcavam o governo da época como “A Rita” de 1965, a “Banda” e “Com açúcar e Com afeto”, ambas de 1966, porém, á partir de 1965, passa a ser visado e acompanhado de perto pela Censura, a música “Tamandaré” deste mesmo ano, com MPB-4 e Odete Lara, é proibida, por conter versos considerados ofensivos ao patrono da Marinha.
Em 1968, Chico começa a sentir interferência enérgica do Regime Militar na sua vida e na sua arte. Nesse mesmo ano ele participa da “Passeata dos Cem Mil”, é detido na sua casa e levado ao Ministério do Exército para depor acerca da peça ”Roda-Viva” [1] e sua participação na “Passeata”. Em 1969, com autorização do Regime Militar, mais precisamente do Comandante Átila, parte para um exílio na Itália, de onde retorna em 1970.
Á partir deste ano então, as canções de Chico Buarque passam a ser, majoritariamente, carregadas de duras críticas, voltadas especialmente aos Militares. Várias de suas composições marcaram a época para sempre e fizeram a História dos tempos sombrios a que se referia o teatrólogo Bertold Brecht.
Como alguns exemplos dessas ontológicas composições podemos citar: a arquitetura refinada da saga operária “Construção” de 1971, o aparente samba de dor-de-cotovelo ”Apesar de Você” de 1970, que na verdade exorcizava o todo-poderoso Governo Médici, cuja Censura deixou passar esta bola pelo meio das pernas, resultado: Chico Buarque virou nome maldito no departamento.
Em parceria com Gilberto Gil, o nada eclesiástico “Cálice”( Música que faremos mais adiante uma breve análise de sua Letra) de 1973 teve o microfone da dupla desligado no Festival da Phonogram, mas acabou virando irrefreável sucesso na fase da Abertura Política interpretada por outros dois grandes da MPB, Chico Buarque e Milton Nascimento. As canções “Gota d’água” de 1975,”Cordão” e “Deus lhe pague” ambas de 1971, vocalizam com menos ou mais contenção o desabafo de um povo subjugado., o mesmo que escapa sussurrado em versos e trovas no breu das tocas de “O que será – á flor da Terra” de 1976, simbólica ode a uma arte – e um artista – que não tem Censura que cale, nem nunca terá.

Nota sobre a música “Cálice”:

Este é mais um exemplo de Letra contra a Censura, predominante entre nossos compositores á época ano de 1973 em que a canção foi criada. Na verdade “Cálice” destinava-se a um grande evento promovido pela Ploygram, que reuniria em duplas os maiores nomes de seu elenco e no qual deveria ser cantada por Gilberto Gil e Chico Buarque.
No livro “Todas as Letras”, Gil narra em detalhes a história da canção, a começar pelo encontro incial dos dois no apartamento em que Chico morava, na Lagoa Rodrigo de Freitas, ocasião em que lhe mostrou os versos que fizera na véspera, uma sexta-feira da Paixão. Tratava-se do refrão ( “Pai, afasta de mim este cálice/ de vinho tinto de sangue”), uma óbvia alusão a agonia de Jesus no Calvário, cuja ambiguidade – cálice/ cale-se – foi imediatamente percebida por Chico. Gil levara-lhe ainda a primeira estrofe ( “Como beber dessa bebida amarga/ tragar a dor, engolir a labuta/ mesmo calada a boca, resta o peito/ silêncio na cidade não se escuta/ de que vale ser filho da santa/ melhor seria ser filho da outra...”): lembrando a “bebida amarga”, uma bebida italianan chamada Fernet, que o dono da casa muito apreciava e sempre lhe oferecia, enquanto “ o silêncio na cidade não se escuta”, significava que no barulho da cidade não é possível escutar o silêncio, ou não adianta querer o silêncio porque não há silêncio, ou seja, metaforicamente: “não há censura, a censura é uma quimera, poís, “mesmo calada a boca, resta a cuca”, aqui significando que mesmo que queiram nos calar, ainda temos a cuca, a mente, o raciocínio, para pensar e constuir nossos versos e nossas críticas. Deste e mais outro encontro, dias depois, saíram a melodia e as demais estrofes, quatro no total, sendo a primeira e a terceira (“De muita gorda a porca já não anda/ de muito usada a faca já não corta/ Como é difícil Pai abrir a porta/ essa palavra presa na garganta”) de Gil, a segunda (“Como é difícil acorda calado/ se na calada da noite eu me dano..”) e a quarta (“Talvez o mundo não seja pequeno/ nem seja a vida um fato consumado/ quero inventar o meu próprio pecado..” ) de Chico.
No dia do show, quando os dois começaram a cantar “Cálice” desligaram o microfone: “Tenho a impressão de que ela tinha sido apresentada á Censura, tendo-nos sido recomendado que não cantássemos, mas nós fizemos uma desobediência civil e quisemos cantá-la”, conclui Chico. Irritadíssimo com o microfone desligado, Chico tentava outro mais próximo, que era cortado em seguida e assim, numa cena tragicômica, foram todos sendo “calados”, impedindo-o de cantar “Cálice” até o fim. Liberada cinco anos mais tarde, em 1978, a canção foi incluida no elepê anual de Chico tendo a participação mais que especial de Milton Nascimento, tornando-se um estrondoso sucesso, destes dois grandes da MPB.
Como falamos anteriormente, durante estes anos, anos de “chumbo grosso” da Ditadura Militar, muitas disciplinas foram banidas das Universidades dentre elas, a de Filosofia e muitos universitários foram perseguidos e torturados, no entanto, se suas publicações eram rastreadas e censuradas, uma das formas de mandar seus recados aos Militares, era por meio das músicas e as canções de Chico Buarque representavam a “Voz” daqueles estudantes e do próprio Chico que não se calava frente as opressões sofridas, assim, podemos muito bem explanar uma ótima aula de Filosofia trazendo como reflexão as Letras de Chico Buarque e refletir o por quê daquela canção feita naquele momento ou tratar especificamente de um tema Filosófico, como por exemplo a “Liberdade”, onde possamos trabalhar o título e a Letra da canção “Cálice”: como era visto a “Liberdade” naqueles tempos da Ditadura Militar e como as pessoas, estudantes, cantores, escritores, religiosos e filósofos se portavam diante de uma “Liberdade vigiada, restrita, tolhida” pelos Militares, nesse caso caberíamos analisar fliosoficamente a canção de Chico Buarque.Teríamos aí uma aula de Filosofia, motivada pela discussão e debate que não ficaria somente na canção em si, mas levaríamos os alunos e nós a refletirem as motivações trazidas.

Vamos para a Letra de “Cálice” (Chico Buarque e Milton Nascimento - 1978)

Refrão: Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue

Como beber dessa bebida amarga
Tragar ador, engolir a labuta
Mesmo calada a boca, resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta
De que me vale ser filho da santa
Melhor seria ser filho da outra
Outra realidade menos morta
Tanta mentira, tanta força bruta
Ref. Pai, afasta de mim esse cálice
Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada pra a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa
Ref. Pai, afasta de mim esse cálice
De muita gorda a porca já não anda
De muita usada a faca já não corta
Como é difícil Pai, abrir a porta
Essa palavra presa na garganta
Esse pileque homérico no mundo
De que adianta ter boa vontade
Mesmo calado o peito resta a cuca
Dos bêbados do centro da cidade
Ref. Pai, afasta de mim esse cálice
Talvez o mundo não seja pequeno
Nem seja a vida um fato consumado
Quero inventar o meu próprio pecado
Quero morrer do meu próprio veneno
Quero perder de vez tua cabeça
Minha cabeça perder teu juízo
Quero cheirar fumaça de óleo diesel
Me embriagar até que alguém me esqueça
Ref. Pai, afasta de mim esse cálice








Outra canção de Chico Buarque que vale á pena trazermos para esta mesma reflexão é a canção “Apesar de Você”: aparentemente ela soava como uma música de dor-de-cotovelo, mas na veracidade de sua mensagem e de sua Letra, ela exorcizava o todo-poderoso Médici, o Presidente General Militar que engrossou duramente a Censura a todas as manifestações, esta medida foi feita pelo AI- 5 ( Ato Institucional número 05). Como recado a ele, Chico mandou esta ontológica canção e podemos trabalhar filosoficamente, trazendo como tema de reflexão o “Estado Civil”, o “Autoritarismo do Governante” levando aos alunos esse debate, não esquecendo, porém, de analisar a Letra da canção e a pertinência do tema que está sendo trabalhado junto com a canção, é importante, no entanto, durante a explanação apresentar o Filósofo que em sua “Obra” tratou daquele tema especificamente e assim de maneira bastante dinâmica, poder fazer uma ligação, com a canção, o tema e o Filósofo. Com certeza a aula não ficaria enfadonha, mas participativa.

Vamos a Letra da canção “Apesar de Você” ( Chico Buarque – 1970)

Amanhã vai ser outro dia
Hoje você é quem manda, falou tá falado não têm discussão
A minha gente hoje anda falando de lado e olhando pro chão
Viu?
Você que inventou esse Estado
Inventou de inventar toda escuridão
Você que inventou o pecado
Esqueceu-se de inventar o perdão
Ref. Apesar de você amanhã há de ser outro dia
Eu pergunto a você onde vai se esconder da enorme euforia
Como vai proibir quando o galo insistir em cantar
Água nova brotando e a gente se amando sem parar
Quando chegar o momento esse meu sofrimento
Vou cobrar com juros. Juro
Todo esse amor reprimido
Esse grito contido, esse samba no escuro
Você que inventou a tristeza
Ora tenha a fineza de a “desinventar”
Você vai pagar, e é dobrado
Cada lágrima rolada nesse meu penar
Ref. Apesar de você amanhã há de ser outro dia
Ainda pago pra ver o jardim florescer qual você não queria
Você vai se amargar vendo o dia raia sem lhe pedir licença
E eu vou morrer de rir
E esse dia há de vir, antes o que você pensa
Apesar de você
Ref. Apesar de você amanhã há de ser outro dia
Você vai ter que ver a manhã renascer e esbanjar poesia
Como vai se explicar vendo o céu clarear de repente
Impunemente
Como vai abafar nosso coro a cantar na sua frente
Ref. Apesar de você amanhã há ser outro dia
Você vai se dar mal etc e tal
La, laiá, laiá, laiá, laiá...
[1] Peça escrita por Chico Buarque em 1967, que virou símbolo de resistência á Ditadura. No período de exibição da segunda montagem da peça, o Teatro foi invadido por cerca de 110 pessoas do CCC (Comando de Caça aso Comunistas), que destruíram o cenário e espancaram os atores.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

O Presente trabalho têm como objetivo apontar alguns gestos metafísicos que o filósofo francês Gilles Deleuze nos aborda a respeito do problema do simulacro, partindo essencialmente do texto Platão e o Simulacro e mostrar qual a novidade que o mesmo filósofo encontra no citado texto.
Para compreendermos sob uma óptica filosófica, Deleuze vai situar-se na esteira de Nietzsche[1] o qual refere á reversão do platonismo, para o Filósofo alemão, segundo Deleuze, esta reversão do platonismo estaria voltada à abolição do mundo das essências e do mundo das aparências e certifica também a necessidade para a real motivação de Platão quando este postula a chamada teoria das Idéias, este postulado deve ser buscado do lado de uma vontade de selecionar, de filtrar.
Um dos primeiros gestos metafísicos apontados por Deleuze no texto de Platão, poderíamos situá-lo ao projeto platônico reportando ao método da divisão, este método reúne toda a potência da dialética que não consiste numa dialética da contradição e nem da contrariedade, mas uma dialética da rivalidade ou dos pretendentes, o objetivo desta divisão aparece em profundidade, na seleção da linhagem, distinguir o puro e o impuro, o autêntico e o inautêntico. Em suma, a participação seletiva, responde ao problema do método seletivo.
Um segundo gesto metafísico que Deleuze nos aponta no texto é a determinação do motivo platônico, ou seja, a distinção da essência e aparência, o inteligível e o sensível, a Idéia e a imagem, o original e a cópia, o modelo e o simulacro. A distinção é deslocada entre duas espécies de imagens: as cópias são possuidoras em segundo lugar, pretendentes bem fundados que se garantem pela semelhança; os simulacros constituem como os falsos pretendentes, construídos a partir de uma dissimilitude que implica uma perversão, um desvio essencial, neste sentido Platão divide em dois o domínio das imagens-ídolos, sendo que de um lado, as cópias-ícones e do outro os simulacros-fantasmas, em outras palavras, podemos dizer que segundo Deleuze, trata-se de selecionar os pretendentes, distinguindo as boas e as más cópias ou antes as cópias sempre bem fundadas e os simulacros sempre submersos na dessemelhança. O platonismo postula assim todo o domínio que a filosofia reconhecerá como seu, ou seja, o domínio da representação pautado pelas cópias-ícones e definido não em uma relação extrínseca a um objeto, mas numa relação intrínseca ao modelo ou fundamento.
Um terceiro gesto metafísico que o Filósofo francês nos apresenta, dentro dessa perspectiva, está calcada sob a influência do Cristianismo, o qual não procura mais somente fundar a representação, especificá-la ou determiná-la como finita,mas torna-la infinita, ou seja, fazer valer para ela uma pretensão sobre o ilimitado, faze-la conquistar o infinitamente grande assim como o infinitamente pequeno. Em suma, a seleção dos pretendentes, a exclusão do excêntrico e do divergente, se adaptariam ás exigências especulativas do Cristianismo, em nome de uma finalidade, de um Ser superior.
Tendo estes três gestos metafísicos bastante significativos que Deleuze nos apresenta no texto, podemos postular dentro desse enfoque á novidade que o Filósofo aborda e ela repousa no que pautamos no início: a reversão do platonismo apontada por Nietzsche.
Reverter o platonismo significa dizer, fazer subir os simulacros, afirmar seus direitos entre os ícones ou as cópias, aqui o problema não concerne mais á distinção Essência-Aparência, ou Modelo-cópia, esta distinção ela vai operar-se no mundo da representação, trata-se de introduzir a subversão neste mundo “Crepúsculo dos Ídolos” [2].
Nessa perspectiva não há mais hierarquia possível, nem segundo ou terceiro, a obra não-hierarquizada é um condensado de coexistências, um simultâneo de acontecimentos, é o triunfo do falso pretendente, trata-se do falso como potência, pseudos, no sentido em que Nietzsche diz: a mais alta potência do falsos subindo á superfície, o simulacro faz cair sob a potência do falso, o modelo e a cópia. Nesse sentido a simulação designa a potência para produzir um efeito, assim compreendida, a simulação é inseparável do eterno retorno, pois, é no eterno retorno que se decidem á reversão dos ícones ou a subversão do mundo representativo.
Portanto, é preciso dar razão a Nietzsche quando trata o eterno retorno como sua própria idéia vertiginosa, que não se alimenta senão em fontes dionisíacas esotéricas, ignoradas ou recalcadas pelo platonismo.
“Tornamo-nos simulacros, perdemos a existência moral, para entrarmos na existência estética” (Deleuze)
“Como é possível na mais bela flor do jardim helênico, Platão, surgir a maior doença, a Transcendência” (Nietzsche)
[1] “A filosofia de Nietzsche é, em sua inspiração fundamental, uma tomada de posição com respeito á própria filosofia. No Crepúsculo dos Ídolos, por exemplo, ele assinala de modo lapidar, as grandes etapas da sua história – Platão, a filosofia cristã, Kant, o positivismo – define-as como o platonismo da filosofia e se insurge contra toda a orientação do pensamento filosófico desde Platão” ( Machado, 1990, p.18)
[2] Obra de Nietzsche, O filosofar a golpes de martelo.

sábado, 30 de agosto de 2008

Relatório da aplicabilidade do material didático desenvolvido no primeiro semestre de 2008

Dioni Gonçalves Ferreira Mangela[1]
Jone Dário Rodriguês da Cunha[2]
Rosana Paula Agostinho de Arruda[3]
Wanderllita Hirtt Pott[4]
Yuri Portmann Tomaxek[5]

O presente relatório tem por objetivo demonstrar de forma clara e objetiva os resultados alcançados na aplicabilidade do material desenvolvido sobre no primeiro semestre do ano de 2008. Esse material, intitulado: O que é Sofia?, que aborda os seguintes temas: Educação, Solidariedade, Justiça, Liberdade e Ética nos remetem aos valores que compõem a vida do ser humano em sua totalidade, formando assim seu caráter, sua personalidade, possibilitando esse cidadão do futuro a contribuir de forma significativa para a construção de uma sociedade mais justa e solidaria para com os seus indivíduos. Ao ser trabalhado, esse material foi pensado pelos seus idealizadores para o público jovem e adulto, a fim de promover em sua aplicação uma consciência crítica dos temas abordados acima. Nesse sentido o material tem a intenção de instigar o receptor a um pensamento a respeito de si que constantemente se apresenta no ambiente desses valores, sejam em seus momentos sociais, profissionais, religiosos, entre outros.
Diante de uma breve apresentação do material produzido, podemos em um segundo momento apresentar a Instituição na qual foi apresentado, os seus receptores e as conseqüências alcançadas na elaboração da prática dos temas abordados como sendo de suma importância para o desenvolvimento da pessoa em seus aspectos sociais, comportamentais e éticos. O material foi aplicado a dois públicos diferentes, porém compartilham da mesma realidade e do mesmo objetivo dentro da instituição. O local foi à Escola Rural Municipal São João, localizado a Rua Orlando Ceccon, 107, Bairro São João em Colombo.
Essa escola é composta na sua maioria por pessoas carentes de ensino e de outras necessidades que compõem o homem em sua integridade. O primeiro grupo é composto de jovens que estão em exercício catequético e o segundo grupo é formado pelos catequistas desses jovens. A carência de ensino encontrada na região, não desqualifica a capacidade dos presentes alunos, pois, os mesmos se encontram com docente que os motivam a novos horizontes. Estes poderão tornar-se motivados ao descobrirem novas possibilidades em suas vidas que provém dos estudos. É visível a curiosidade dos alunos, podendo então os professores aproveitar-se desses estímulos para orientá-los a novos caminhos em suas vidas.
O material em forma de vídeo, caderno de atividades e exercícios práticos a respeito dos temas trabalhados foi bem recebidos pelos dois públicos, pois, em um primeiro momento surgiu curiosidade o que haveria de ser aquele material, e qual seria a sua finalidade para aquela realidade. Nesse sentido foi apresentado o vídeo no qual seus idealizadores apresentavam de forma clara e objetiva os temas propostos, em um segundo momento houve de forma participativa um diálogo a respeito dos temas. Esse diálogo foi significativo no que se refere aos exemplos do cotidiano que foi apresentado como forma de colocar em prática os valores ressaltados, como Educação, Justiça, e Liberdade, ou seja, o principal questionamento proposto tanto para o primeiro grupo, quanto para o segundo foi o de como trabalhar com situações simples do dia a dia aplicando a elas esses valores que postula um cidadão comprometido com a sociedade em que vive.
Diante dessa conscientização, foi aplicado em um terceiro momento atividades e exercícios que tinham a finalidade de obter um resultado concreto do que foi apresentado. Ao analisarmos esses exercícios, notamos que o objetivo proposto foi atingido de forma significativa, pois, em sua maioria as pessoas elogiaram o trabalho. Um quarto momento foi composto de uma confraternização com os alunos. Foi oferecido um Coofbreak a fim de promover na prática esses valores que foram estudos na aplicabilidade desse material, a fim de promover relações de amizade, de alegria para com as vidas desses jovens que contribuíram com o nosso trabalho e que ao contribuir aprenderam novos conteúdos que lhe serão úteis no futuro.
O trabalho apresentou satisfatórios resultados, tanto para os seus receptores, quanto para os que aplicaram, pois, ao exercer esse trabalho de forma tranqüila e segura, houve uma aprendizagem no que se refere aos valores que compõem a vida em sua totalidade. Os idealizadores aprenderam a valorizar a vida, seja em qual condição social, econômica ou religiosa que ela esteja, e os alunos aprenderam valores que futuramente poderão aplicar em suas vidas, formando assim uma sociedade mais justa e solidária para com todos.





[1] Graduando em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná.
[2] Graduando em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná.
[3] Graduanda em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná.
[4] Graduanda em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná.
[5] Graduando em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná.
RELATÓRIO DO VÍDEO – INDIVIDUAL – Jone Dário


O Presente relatório juntamente com a produção do vídeo que o grupo Homero Produções apresentou para um público de adolescentes de 14 anos e para suas Catequistas, realizado numa escola da Comunidade local no Município de Colombo, foi fruto de um trabalho árduo e ao mesmo tempo gratificante, pois, os resultados obtidos refletem aquilo que sempre em sala de aula pautamos: que no exercício de filosofar, estamos aprendendo constantemente com o outro e que nunca sabemos de tudo ou temos respostas para tudo, é preciso perder-se a si mesmo como nos fala Nietzsche na arte da vocação formativa da filosofia: “ Uma vez que se tenha encontrado a si mesmo, é preciso saber, de tempo em tempo, perder-se e depois reencontrar-se, pressuposto que se seja um pensador” ( Nietzsche, 1978, p.50).
Perder esse si mesmo, que fala Nietzsche, é perder esse ego preso ao cotidiano histórico para alcançar esse homem que está em constante transformação, criação intencional de si. É com esse aprendizado do perder-se a si mesmo, que a experiência pela qual participei, foi gratificante do ponto de vista pedagógico, metodológico e relacional.
Pedagógico, pois, tive a oportunidade de aplicar um pouco daquilo que aprendemos com os professores, saber escutar o outro, suas histórias, sua própria vida. Metodológico, pois, a metodologia aprendida em sala de aula, não nos faz reféns a um modelo estático e ser flexível ao ambiente em que estamos nos proporciona aprender sempre mais e Relacional, pois, estar com o outro, nos renova ainda mais o velho conceito de querer tentar moldar o outro segundo os nossos critérios e pensamentos.
A aplicabilidade do material didático que projetamos e realizamos no primeiro semestre e nos deu a oportunidade de executá-lo nesse semestre, foi uma prova onde percebi e senti que o outro necessita ser ouvido e ele demonstra essa necessidade de falar, falar de sua história, seu aprendizado, filosofia no dia-a-dia, pois, em suas falas demonstraram de maneira simples sua filosofia própria, a qual é uma constituição de sua personalidade e de suas ações. Os adolescentes e as Catequistas, souberam, para mim, como viver a que Ética, Solidariedade, Justiça, Educação e a Liberdade, temas do nosso trabalho em vídeo e presente no caderno de atividades, estão pertinentes nas suas vidas: no Trabalho, na Comunidade, na Família, na relação com o outro. E tudo isso tendo como objetivo ajudar o outro a crescer, como cidadão e como ser humano, para a construção de uma Sociedade mais humana. Senti-me feliz por aquilo que pude contribuir e aprender na relação com os adolescentes e as Catequistas, pois, cada um deles mostrou sua autenticidade e transparência no quesito, exercitar a filosofia.
Como conclusão, finalizo com este pensamento de Nietzsche acerca do conhecer e saber as coisas, que quando achamos que sabemos de tudo, é preciso nos despedir por um tempo, assim nos fala o Filósofo alemão:
“ Quando é preciso despedir-se – daquilo que sabes conhecer e medir, é preciso que te despeças, pelo menos por um tempo” ( Nietzsche, 1978, p.50)

terça-feira, 29 de abril de 2008

Comentário: Projeto da Dissertação do mestrando Luciano: O Belo como símbolo de moralidade

O tema da Dissertação do mestrando Luciano nos traz como tema O Belo como Símbolo de Moralidade. Seu trabalho está dividido em três partes: na primeira ele aborda noções de analogia e de símbolo; na segunda é abordado a solução do problema onde é trabalhado o belo, o símbolo e a moral e na terceira parte é trabalhado a relação da moral com o sublime, ou seja, a relação da moral com os juízos teleológicos. É importante ressaltar que a linha pela qual Luciano irá trabalhar sua Dissertação desenvolveu-se numa linha Lógico- Semântica, para justamente ter um maior esclarecimento acerca dos termos trabalhados e argumentados filosoficamente.
A Obra pela qual será o fio condutor de sua fundamentação e argumentação filosófica é a Crítica da Faculdade de Juízo. Essa obra de 1790, chama-se Crítica da Faculdade de Juízo, é comumente designada como terceira crítica, no entanto, até 1788, a intenção de Kant é a de redigir uma terceira obra crítica que deveria se chamar Crítica do Gosto, porém, o que nos leva a crer que essa mudança de intenção ela não corresponderia ao abandono de uma meta que tivesse como tema central, o belo, do ponto de vista de sua avaliação,isto é, o gosto,e do ponto de vista de sua produção, isto é, a arte, é nessa perspectiva pela qual Luciano irá abordar o seu tema, por isso que a investigação estética que então se projetava começou a se evidenciar como uma privilegiada via de acesso a um poder fundamental da subjetividade chamado por Kant Urteilskraft, poder de julgar. Eis por que a Terceira Crítica, a qual permaneceu, em um certo sentido, primordialmente uma investigação acerca do belo, do sublime e da arte, veio a se chamar Crítica da Faculdade de Juízo. Kant entendeu que uma condição para que se construa um acesso a essa faculdade do sujeito chamada “faculdade do juízo”, “poder de julgar”, é que se proceda a uma investigação crítica orientada pela pergunta pelos juízos sobre o belo, ou juízos de gostos puros. Chegamos então ao questionamento que mostra o quão familiar pode nos ser o ponto de partida da teoria kantiana do belo, via de acesso ao nosso poder de julgar em geral e que Luciano trata na sua Dissertação: O questionamento que move o projeto kantiano de uma crítica do gosto é assim formulada: nossa apreciação de uma forma bela da natureza ou da arte possui ou não algum valor universal ? Podemos reivindicar para um juízo do tipo “isso é belo” o assentimento de outras pessoas, eventualmente de outras épocas, baseando em algum princípio de necessidade? Mais do que isso, como nosso gosto sobre o belo poderia sequer se tornar objeto de uma crítica? Ora, por crítica entende Kant e isso Luciano quer demonstrar em seu trabalho, uma investigação das possibilidades e limites de faculdades subjetivas que atuam sob a legislação de princípios a priori, uma tal delimitação supõe a tarefa de demonstração da necessidade, da validade objetiva e da universalidade desses princípios.
Tendo como ponto de partida a problemática já levantada anteriormente, vemos que agora em sintonia com os fundamentos da perspectiva investigativa da Crítica como um todo, o problema da beleza é formulado por Kant nos termos da pergunta por um exercício do julgar, nesse sentido, o belo, na natureza ou na arte, é objeto de um juízo, o prazer de sua contemplação é resultado de um juízo, a universalidade que, segundo Kant, nosso uso da linguagem reivindica para o gosto é também, a universalidade de um juízo.
Portanto, qualquer tentativa de discernir o que concerne á universalidade, á privacidade e á natureza própria do prazer do gosto depende de uma compreensão do que se passa num juízo de gosto e consequentemente, de sua diferença relativa aos outros tipos de juízo, pelos quais pretendemos produzir conhecimento, por exemplo, ou pelos quais expressamos nossas convicções morais. Em sua Dissertação Luciano nos aborda com clareza a definição de juízo. Segundo Kant, um juízo é uma proposição de conceito, existindo de duas formas o juízo analítico e o juízo sintético. O Analítico é aquele quando não se acrescenta nada de novo ao sujeito (o homem é mortal), estou fornecendo uma informação que já está contida no sujeito, este juízo é denominado juízo a priori. O Sintético ultrapassa o conceito em si, ele vai além deste conceito (o homem é bom), ou seja, para que eu saiba que o homem é bom, preciso de uma experiência, assim ele é denominado posteriori. Uma outra questão ligada aos juízos é o termo analogia que Luciano discorre na primeira parte de seu trabalho. A Analogia é uma maneira de ver o que há entre causa e efeito, o meio termo que não conseguimos falar com precisão, com exatidão. Na filosofia kantiana ela acontece de três formas distintas: pela Permanência-substância; pela Sucessão-causalidade livre e pela Simultaneidade- reciprocidade. Outro dado importante que é trabalhado em sua Dissertação é a questão das Idéias Transcendentais – Deus, Alma e Mundo- estas são idéias que a razão pode apreender não têm objetos aos quais possamos fazer referências diretas, por isso que a analogia será utilizada com a denominação de Princípios Heurísticos, sistematizações que me direcionam na organização do mundo.
Segundo Luciano, a tese essencial de Kant é a de que existe um fundamento para a possibilidade de uma universalidade estética não objetiva e esse fundamento, que é um princípio pertencente á unidade do sujeito enquanto tal e que não pode ser conceitualmente determinado, objetivo, é a própria faculdade de julgar, eis por que pôde um dia a crítica kantiana do gosto vir a se chamar Crítica da Faculdade de Julgar. Portanto, concluímos, que, segundo Luciano, nos termos da Estética de Kant, essa é pretensão de que o fundamento de determinação do juízo de gosto sobre o belo ou a arte, pertença ao modo de ser do sujeito enquanto tal e não á conformação específica e privada da apetição desse ou daquele sujeito.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Paralelo entre o Projeto da mestranda Leysereé A Lei Moral em Kant e o Superego em Freud com o Filme O Porteiro da Noite

A mestranda Leysereé, Psicóloga, nos apresentou seu Projeto de Dissertação de mestrado trabalhando como tema A Lei moral em Kant e o Superego em Freud. Sendo um tanto quanto desafiador Leysereé fundamenta sua tese abordando as aproximações e diferenças que há nos dois Filósofos. Em Kant foram apresentados esquematicamente a reconstrução do Imperativo Categórico. E esta reconstrução partiu de cinco aspectos centrais. Antes de nomear esses cinco aspectos a aluna trabalhou a fundamentação de sua reflexão em Kant das obras: A Metafísica dos Costumes (1785); A Crítica da Razão Pura (1781) e a Crítica da Razão Prática (1788).
Os cinco aspectos dos Imperativos: Categóricos e Hipotéticos abordados foram: 1º O Formal- Prescritivo, cuja lei não visa um fim material (ação descritiva); 2º Dever – Obediência por dever, sentido moral e obediência conforme ao dever, sentido legal; 3º Sentimento de respeito, princípio subjetivo; 4º Interesse Moral # do Interesse patológico que é oculto e 5º Autonomia versus Liberdade.
Tendo como objeto de sua reflexão e análise em Kant a Lei Moral, os Imperativos, em Freud o objeto de sua reflexão e análise foi trabalhado o Superego e o texto para sua fundamentação: Sobre o Narcisismo, pautando o agente psíquico. Em Freud duas tópicas foram abordadas 1º Tópica (antes de 1923): termos trabalhados - Conscientes, Pré-conscientes e Inconscientes; 2º Tópica (após 1923): termos trabalhados - Ego, Id, e Superego.
Na sua análise Leysereé nos aponta no seu trabalho que no ano de 1924 surge o Problema do Masoquismo: gerenciado pela dor que pode trazer satisfação ou prazer e aqui a pulsão de morte desencadeia a destruição, a agressividade. Partindo da análise do filme O Porteiro da Noite, o qual mostra o amor sadomasoquista desenvolvido entre uma ex-prisioneira de um campo de concentração nazista, Lúcia, e um oficial da SS, Maximilian Aldorfer, que na época fora seu torturador e amante.Treze anos depois dela ser libertada os dois se reencontram num hotel em Viena onde o mesmo é porteiro e neste hotel eles revivem toda antiga relação doentia e auto-destrutiva. Esta ação é bastante presente na cena em que Maximilian vai ao apartamento dela e lhe pergunta se ela está ali para delatá-lo, a seguir os dois discutem, ele bate nela a chama de vagabunda e todo aquele ritual sadomasoquista do passado é revivido, terminando a cena com juras de amor. Temos nesta cena toda análise que Leysereé nos abordou a respeito de seu estudo, enfocando principalmente a questão da Pulsão de morte em Freud, o problema do masoquismo.
No Filme e essencialmente nesta cena que descrevemos é bastante notório a sensação de prazer e satisfação que a personagem Lúcia sente ao levar pancadas, ao ser xingada e submetida a toda forma de sadomasoquismo que passa pelas mãos de seu ex-amante e torturador, Maximilian, nele também é muito presente o olhar e a satisfação que o mesmo sente ao machucar e bater no seu objeto de desejo e consumação, Lúcia.
A relação doentia e auto-destrutiva de amor, sofrimento e paixão que os dois revivem nos mostra o quanto essa realidade é presente em muitos casos amorosos de paixão entre os casais, o universo do sadomasoquismo é invariável tanto no homem quanto na mulher que se submetem em um ser o torturador e a outra vítima, quanto de impulso do Superergo é reinante nessas relações. O tema do sadomasoquismo foi presente também no filme de Nicolas Cage - 08 Milímitros
No mundo do Erotismo a fantasia é ingrediente essencial e muito explosivo para a satisfação do prazer e a consumação da dor, por mais inconsciente que seja, não há aquele que não tenha demonstrado tal realidade nas suas fantasias doentias, para aqueles que julgam assim, para os protagonistas dessas relações é o mais natural possível a pessoa demonstrar o quanto ama seu ou sua parceira realizando e submetindo o outro aos seus mais invariáveis delírios e desvarios. Em Suma, o que o estudo e a análise de Leysereé quer nos dizer na sua tese é que cada um de nós carrega dentro de si um pouco de masoquismo e sadomasoquismo em nossas relações diárias com o outro.


sexta-feira, 18 de abril de 2008


Caderno de Atividades

Além da Lei
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A PSICANÁLISE

Dioni Gonçalves Ferreira Mangela
Jone Dário Rodriguês da Cunha
Rosana Paula Agostinho
Wanderlita Pott
Yuri Tomaxek
A psicanálise foi inaugurada por Freud, esta que não é uma ciência e tão pouco uma mera prática médica, mas sim se constitui como uma terapia, e como reflexão da cultura. Os filósofos Freud e Lacan possuem um grande esforço para posicionar a psicanálise como um saber. Portanto o saber psicanalítico seria um tratamento de neuroses e um modo de compreender o desenvolver (texto Original Perez. D) das civilizações, e os produtos de sua cultura.Hoje a psicanálise clínica é um meio comum e universal. É aplicada no tratamento clínico, entendendo a cura de diversas formas. Lacan buscava explicar a psicanálise através da natureza, e através de gráficos matemáticos. Porém a psicanálise não pode e não é uma ciência da natureza, e não pode ser entendida como um modo matemático. Freud se preocupou em elaborar a noção de pulsões, este elemento agiria na desconstrução da relação de opinião entre corpo e mente. Tal dicotomia não sustenta a abordagem da psicanálise, pelo fato que não é possível colocar a psicanálise no interior de uma epistemologia pautada por uma dicotomia, senão apenas como um equívoco ou falsa ciência. Foi assim que Popper e seus seguidores procederam, questionando o que é a pulsão, que a mesma não se trata de instintos, nem de um fenômeno da consciência, e como é possível testar estas proposições da psicanálise?
Nisto Lacan, com seus estudos, gráficos e mitos sustenta a abordagem. Então a psicanálise se compreende como uma ética, experiência da relação do sujeito como o próprio sujeito, e com as barreiras que o separam um do outro. Neste sentido podemos tratar de uma ética do desejo, na posição de conseguir realizar um desejo. Embora Freud tenha recorrido à estratégia platônica de explicar algo com mitos, exemplo: Édipo onde mostra a estrutura que da conta e permite o funcionamento de fenômenos ou sintomáticas que encontram na clinica em Lévi-Strauss, o mito não e propriamente explicação, não é nada.
Em Lacan fica mais claro o conceito do que se entende por significado. O que o inconsciente não é nunca, e nunca foi o âmbito das trevas, o irracional, a caixa preta ou qualquer coisa que se possa reduzir a uma experiência mística, ou uma relação de oposição neutralizadora com a razão.A filosofia de Kant e Nietzsche marcou os limites da razão e reelaborou a noção de irracional, nesta história, Freud não sugeriu uma espécie de nu selvagem da razão, mas o funcionamento de outro mecanismo, com outro regime de causas que aquele suportando o registro de consciência ou da natureza.O inconsciente está estruturado com uma linguagem, dirá Lacan. Trata-se de entender uma lógica que aparece na superfície significante onde a negação, repetição e a contradição não são à exceção de erro, mas sim é material de trabalho.Newton conseguiu apresentar os movimentos dos planetas, assim Freud e Lacan apresentariam as possibilidades de entender as manifestações do inconsciente. Lacan recorre aos mitos e realiza relações com a linguagem e com auxílio que ela não alcança.A pergunta pelo DEVE não se resolve numa ética do dever, muito menos numa ética da prudência ou da utilidade. Em Lacan podemos ver o alcance e o limite que aparece em Kant, em Aristóteles e no utilitarismo. Em todos esses modos de agir, alcançamos um bem, em definitivo: uma coisa. Lacan esclarece que qualquer coisa, condição ou possibilidade de qualquer coisa ou bem da realidade do sujeito. Algo se organiza em torno de um vazio, o próximo estranho, o primeiro exterior, anterior a todo recalque, afeto primário fora-do-significado, o perdido e nunca perdido é impossível de retornar, mas todo seu encaminhamento e orientação são para reencontrar a Coisa. “Em suma, a coisa é o que do modo real padece dessa relação fundamental, inicial, que induz o homem nas vias do significante, pelo fato mesmo de ele ser submetido ao que Freud chama de princípio de prazer”(Lacan, Seminário 7, 1959-60 R.J. Zohar .Editores p 168) O principio de prazer guia o homem de significante em significante, mas a coisa não é significante. Refere-se à morte, é o pulo para fora do simbólico.Kant, nada garante sobre a felicidade nem mesmo uma ética dos bens. O que busca é algo além do dever, dos bens e da lei. Uma culta transgressão do desejo, certa função estética do erotismo, presente em Lacan e Freud.“Se isto é aceitável, então aparentemente temos um paradoxo: na medida em que ficamos para aquém da lei e dos deveres que superou, estamos retidos nas vias do nosso desejo, mas na medida em que o desejo esta para além da lei, o risco de nos encontrarmos com o nada é inevitável.Eis a questão da cura, de uma cura das ilusões que retém o paciente em relação ao seu desejo.”(Lacan, Seminário 7, 1959-60.R.J> Zahar Editores p 267) Em Lacan á vários pontos de trabalho, entre eles, o desejo do analista, sobre o desejo de cura do analista, das noções de sublimação e sadismo.Se a analise não procura um bem último, também não procura um mal.Não trata de cumpri uma promessa de felicidade nem de tristeza. O analista deve se abster de dar exemplos. A ética do desejo é uma ética sem moldes. Uma abertura para aquilo que não fecha. Certamente, o para além da lei exige ou demanda de uma retórica, um erotismo na experiência da ética.A sublimação não são apenas recalques, mas um desejo que vem ocupar o lugar da Coisa, bem estar.O vazio é o principio de sublimação. O sadismo, o sádico nega que o gozo seja possível, e aí em frente se confundindo com o próprio objetivo. No final o sádico em última analise é o objeto.Assim se o dever seria um recalque ou pelo menos o controle dos impulsos do desejo - pela obediência da lei o gozo sádico não seria propriamente um para-além-da-lei, uma transgressão da lei de que é possível alcançar o gozo que a lei, a outra lei, proíbe, na tentativa de regular, de determinar as relações entre os sujeitos. No Sádico, trata-se sobre a desmentida da lei, da renegação da castração simbólica, que dirige a pulsão (sado masoquista) para uma tentativa de satisfação que retoma no modo invertido. Um exemplo é Marques de Sade, que vai além da lei, seu desejo vai além da donzela representada como significante. Marques goza pelo movimento pulsional que o leva para as instituições de disciplinamento.Neste sentido o que fica é a articulação significante no simbólico e no imaginário por meio do mecanismo da sublimação de colocar alguma coisa como Coisa, de ficar no prazer, para além da lei, para aquém goza.
Sobre o texto responda:
1- Qual o sentido da palavra ética, na psicanálise?
R: ________________________________________________________
________________________________________________________2- Qual o papel da psicanálise na filosofia?R: ________________________________________________________________________________________________________________3- O que a psicanálise entende por coisa. Explique?R: ________________________________________________________________________________________________________________Complete a frase de acordo com o texto acima:A psicanálise trabalha à experiência _ _ _ _ _ _ _ _ , e a experiência de seus desejos.A psicanálise tem mais haver com os _ _ _ _ _ _ _ _ . A terapia trabalha o _ _ _ _ _ __ _ e critica o desenvolvimento humano._ _ _ _ _ _ _ _ _ _ desenvolveu a psicanálise e _ _ _ _ _ _ _ _ _ continuo seu estudo.Escreva um texto sobre a questão da ética dentro da psicanálise, baseado no filme “A psicanálise: lei, ética e desejo” (titulo a confirmar)
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Caça palavras:Encontre no quadrado a baixo as palavras que estão em negrito no texto e de com o auxilio do dicionário, de o significado e escreva um texto utilizando estes conceitos (palavras).A psicanálise não é uma medicina, não é um conceito, é uma terapia reflexiva de uma cultura.Quem deu inicio a psicanálise foi Freud, quem continuou os estudos foi seu aluno e filosofo Lacan. A psicanálise trata sobre vários pontos filosóficos, dentre eles a ética, a lei, que produz o desejo que preenche a falta de alguma coisa.
Indicações de livros:
Freud na Filosofia BrasileiraOrgs: Leopoldo Fulgencio e Richard Theissen Simanke Editora Escuta, 2005. Artigos de Bento Prado Jr., Ernildo Stein, Luiz Roberto Monzani, Osmyr Faria Gabbi Jr., e Zeljko Loparic acerca de Freud e da teoria psicanalítica em geral, que tipificam as linhas de pesquisas dos pensadores que iniciaram a filosofia da psicanálise no Brasil.Notas a Projeto de uma PsicologiaAutor: Osmyr Faria Gabbi Jr. Editora Imago, 2003. Tradução e notas à obra seminal e não publicada de Freud, Projeto de uma psicologia científica, de 1895, que revela as fontes filosóficas da futura metapsicologia da Interpretação dos Sonhos. Esta cuidadosa investigação conceitual pretende demonstrar como a teoria freudiana é tributária, na origem, da psicologia empírica de John Stuart Mill. O livro elucida, entre outras coisas, a relação entre o aspecto econômico dos processos psíquicos e a proposta de uma análise baseada na palavra, esclarece por que a essência do método psicanalítico consiste em dar palavra ao afeto, demonstra a teoria da linguagem de Freud e o mecanismo responsável pela produção de símbolos nas neuroses de defesa.Natureza Humana Revista de Filosofia e Práticas Psicoterápicas PUC - SPEste periódico publica trabalhos especializados sobre questões relacionadas à fundamentação das teorias e das práticas psicoterápicas e, em particular, as psicanalíticas. As obras de Martin Heidegger e Donald W. Winnicott são tomadas como pontos de referência centrais, mas não exclusivos. A escolha de Heidegger e Winnicott não significa qualquer tentativa de estabelecer uma nova ortodoxia ou, menos ainda, uma nova seita. Pretende-se, isso sim, favorecer o surgimento de uma nova tradição de pesquisa que se aplique a resolver problemas ainda abertos, quer filosóficos, quer científicos.Fundamentos da Psicanálise Pensamento, Linguagem, Realidade e Angústia.Organizador: Osmyr Faria Gabbi Jr. Editora Unicamp - Coleção CLE, 1999. Coleção de quatro ensaios que oferecem aos seus leitores uma pequena amostra de uma forma de trabalhar a obra de Freud, desenvolvida num certo período na Universidade de São Paulo e na Universidade Estadual de Campinas, em programas de pós-graduação em filosofia. Os autores são: Osmyr Faria Gabbi Jr., Cláudio E. M. Banzato, Pedro L. R. de Santi, e Alessandra Caneppele.A Teoria do Amadurecimento de D. W. WinnicottAutora: Elsa Oliveira Dias. Editora Imago, 2003. Embora Winnicott tenha sempre insistido no caráter central da teoria do amadurecimento, ele não chegou a fazer dela uma apresentação sistemática ou organizada. O único livro que mais claramente oferece uma apresentação global do processo de amadurecimento é Natureza humana (1988), que permaneceu inacabado. Com exceção deste, concebido para ser uma obra, os livros de Winnicott são coletâneas de artigos avulsos, escritos originalmente como conferências para diferentes platéias. Tudo isso tornou difícil a apreensão da unidade de seu pensamento. O objetivo desse livro é apresentar, de maneira unitária e organizada, os principais elementos conceituais da teoria do amadurecimento, explicitando seus pressupostos e descrevendo os estágios do processo, com suas respectivas tarefas e conquistas.