terça-feira, 29 de abril de 2008

Comentário: Projeto da Dissertação do mestrando Luciano: O Belo como símbolo de moralidade

O tema da Dissertação do mestrando Luciano nos traz como tema O Belo como Símbolo de Moralidade. Seu trabalho está dividido em três partes: na primeira ele aborda noções de analogia e de símbolo; na segunda é abordado a solução do problema onde é trabalhado o belo, o símbolo e a moral e na terceira parte é trabalhado a relação da moral com o sublime, ou seja, a relação da moral com os juízos teleológicos. É importante ressaltar que a linha pela qual Luciano irá trabalhar sua Dissertação desenvolveu-se numa linha Lógico- Semântica, para justamente ter um maior esclarecimento acerca dos termos trabalhados e argumentados filosoficamente.
A Obra pela qual será o fio condutor de sua fundamentação e argumentação filosófica é a Crítica da Faculdade de Juízo. Essa obra de 1790, chama-se Crítica da Faculdade de Juízo, é comumente designada como terceira crítica, no entanto, até 1788, a intenção de Kant é a de redigir uma terceira obra crítica que deveria se chamar Crítica do Gosto, porém, o que nos leva a crer que essa mudança de intenção ela não corresponderia ao abandono de uma meta que tivesse como tema central, o belo, do ponto de vista de sua avaliação,isto é, o gosto,e do ponto de vista de sua produção, isto é, a arte, é nessa perspectiva pela qual Luciano irá abordar o seu tema, por isso que a investigação estética que então se projetava começou a se evidenciar como uma privilegiada via de acesso a um poder fundamental da subjetividade chamado por Kant Urteilskraft, poder de julgar. Eis por que a Terceira Crítica, a qual permaneceu, em um certo sentido, primordialmente uma investigação acerca do belo, do sublime e da arte, veio a se chamar Crítica da Faculdade de Juízo. Kant entendeu que uma condição para que se construa um acesso a essa faculdade do sujeito chamada “faculdade do juízo”, “poder de julgar”, é que se proceda a uma investigação crítica orientada pela pergunta pelos juízos sobre o belo, ou juízos de gostos puros. Chegamos então ao questionamento que mostra o quão familiar pode nos ser o ponto de partida da teoria kantiana do belo, via de acesso ao nosso poder de julgar em geral e que Luciano trata na sua Dissertação: O questionamento que move o projeto kantiano de uma crítica do gosto é assim formulada: nossa apreciação de uma forma bela da natureza ou da arte possui ou não algum valor universal ? Podemos reivindicar para um juízo do tipo “isso é belo” o assentimento de outras pessoas, eventualmente de outras épocas, baseando em algum princípio de necessidade? Mais do que isso, como nosso gosto sobre o belo poderia sequer se tornar objeto de uma crítica? Ora, por crítica entende Kant e isso Luciano quer demonstrar em seu trabalho, uma investigação das possibilidades e limites de faculdades subjetivas que atuam sob a legislação de princípios a priori, uma tal delimitação supõe a tarefa de demonstração da necessidade, da validade objetiva e da universalidade desses princípios.
Tendo como ponto de partida a problemática já levantada anteriormente, vemos que agora em sintonia com os fundamentos da perspectiva investigativa da Crítica como um todo, o problema da beleza é formulado por Kant nos termos da pergunta por um exercício do julgar, nesse sentido, o belo, na natureza ou na arte, é objeto de um juízo, o prazer de sua contemplação é resultado de um juízo, a universalidade que, segundo Kant, nosso uso da linguagem reivindica para o gosto é também, a universalidade de um juízo.
Portanto, qualquer tentativa de discernir o que concerne á universalidade, á privacidade e á natureza própria do prazer do gosto depende de uma compreensão do que se passa num juízo de gosto e consequentemente, de sua diferença relativa aos outros tipos de juízo, pelos quais pretendemos produzir conhecimento, por exemplo, ou pelos quais expressamos nossas convicções morais. Em sua Dissertação Luciano nos aborda com clareza a definição de juízo. Segundo Kant, um juízo é uma proposição de conceito, existindo de duas formas o juízo analítico e o juízo sintético. O Analítico é aquele quando não se acrescenta nada de novo ao sujeito (o homem é mortal), estou fornecendo uma informação que já está contida no sujeito, este juízo é denominado juízo a priori. O Sintético ultrapassa o conceito em si, ele vai além deste conceito (o homem é bom), ou seja, para que eu saiba que o homem é bom, preciso de uma experiência, assim ele é denominado posteriori. Uma outra questão ligada aos juízos é o termo analogia que Luciano discorre na primeira parte de seu trabalho. A Analogia é uma maneira de ver o que há entre causa e efeito, o meio termo que não conseguimos falar com precisão, com exatidão. Na filosofia kantiana ela acontece de três formas distintas: pela Permanência-substância; pela Sucessão-causalidade livre e pela Simultaneidade- reciprocidade. Outro dado importante que é trabalhado em sua Dissertação é a questão das Idéias Transcendentais – Deus, Alma e Mundo- estas são idéias que a razão pode apreender não têm objetos aos quais possamos fazer referências diretas, por isso que a analogia será utilizada com a denominação de Princípios Heurísticos, sistematizações que me direcionam na organização do mundo.
Segundo Luciano, a tese essencial de Kant é a de que existe um fundamento para a possibilidade de uma universalidade estética não objetiva e esse fundamento, que é um princípio pertencente á unidade do sujeito enquanto tal e que não pode ser conceitualmente determinado, objetivo, é a própria faculdade de julgar, eis por que pôde um dia a crítica kantiana do gosto vir a se chamar Crítica da Faculdade de Julgar. Portanto, concluímos, que, segundo Luciano, nos termos da Estética de Kant, essa é pretensão de que o fundamento de determinação do juízo de gosto sobre o belo ou a arte, pertença ao modo de ser do sujeito enquanto tal e não á conformação específica e privada da apetição desse ou daquele sujeito.

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