quarta-feira, 10 de setembro de 2008


1. ABORDAGEM DO PENSAMENTO FILOSÓFICO DE NIETZSCHE

Dentre os clássicos da Filosofia Moderna, Friedrich Nietzsche, seja com certeza, o pensador mais incômodo e provocativo que o Século XIX tenha conhecido devido á sua vocação crítica e firme que o levou ao ubmundo da civilização ao escavar os subterrâneos da moral e trazer á tona o produto contaminado por seu domínio, a construção de uma cultura ocidental pela qual ergueu o edifício da moral cristã.
O seu pensamento filosófico podemos compará-lo a uma espécie de antena que capta, registra e anteipa questões e desafios os quais permeiam o ser existente do homem.Sua ambição é realizar um diagnóstico fiel e verdadeiro da situção do homem moderno e das suas angústias a respeito de sua existência no mundo. Para Nietzsche, filosofar é um ato que está enraizado na vida e caracteriza um exercício de liberdade e originalidade em sua reflexão.
O seu comprometimento com a autenticidade da reflexão exigia dele vigilância crítica permanente denunciando como impostora toda e qualquer forma de mistificação intelectual, isso o caracteriza como m dos grandes mestres da suspeita ao dnunciar a moralidade como transformação vulagarizada de antigos valores metafísicos e religiosos. Com seu estilo audaz e inovador, de pensar filosoficamente, submeteu a crítica todos os domínios vitais da civilização ocidental – cientíicos, religiosos, antropológicos e éticos – com a sua maneira de filosofar a “golpes de martelo” levou-o a bater frontalmente com as grandes correntes histórica as quais foram responsáveis pela formação da cultura ocidental – a tradição pagã greco romana e a judaico cristã.
Nietzsche não poupou de sua crítica ferrenha nenhum dos mais acalentados artigos de fé, tornou-se um irredutível e impiedoso crítico das crenças canônicas. O seu ato de criticar filosoficamente, diferente dos seus antecessores, o caracteriza como um dos mais intransigentes críticos do nivelamento e da massificação da humanidade:” Parece que todas as coisas grandes, para se inscrever no coração da humanidade com suas exigências, tiveram primeiro que vagar pela Terra como figuras monstruosas e apavorantes: uma tal caricatura foi a filosofia dogmática,a doutrina vedanta na Ásia e o paltonismo na Europa..” [1].
Nietzsche coloca-se com um forte opositor á supressão das diferenças, á padronização de valores que tendo o pretexto e a justificativa da universalidade, mascara a imposição totalitária e arbitrária dos interesses particulares, por isso sua crítica é rigorosa ao conceito de igualdade entendida como uniformidade pautada numa moral vigente,a Moral de Rebanho. Nesse sentido o Filósofo alemão denuncia a transformação das pessoas em peças anônimas da engrenagem global de interesse e a manipulação massificadora de corações e mentes á serviço dos grandes formadores de opinião.
Em todo processo no decorrer da História universal e da herança cultural herdada da tradição ocidental, Nietzsche forjou conceitos e figuras do pensamento que até hoje estão presentes no vocabulário e não deixam de povoar o imaginário literário, político, filosófico e artístico: por exemplo as noções de Apolo e Dionísio, transformaadas em categorias estéticas; os conceitos de Vontade de Poder, Além-do-homem, Eterno Retorno, Niilísmo e a proclamação da Mortede Deus. Inserido entre o final e o início de duas eras -1844 seu nascimento e 1900 sua morte – Nietzsche viveu e pensou em profundidade a crise que se abatia por toda a Europa no final do Século XIX.
Seu pensamento instaurou a passagem a um novo milênio quando ele restituiu e reverteu as perspectivas fossilizadas a um único modo de pensar, dinamitando todos os conceitos pré-determinados e construídos por essa uniformidade do pensamento.
Portanto, temos em Nietzsche, o Filósofo que acreditava numa Filosofia a qual fosse brotada das expeiências e vivências pessoais, como pensador soube apreender filosoficamente a experiência intelectual que anima, modifica, martela e revoluciona: “Moro em minha própria casa, nada imitei de ninguém e ainda ri de todo mestre, quem não riu de si também!?” [2]
[1] Prólogo. ABM
[2] Epígrafe.G.C.

Um comentário:

Luciene de Morais disse...

Professor
Li sobre Nietzsche. Sou amadora, mas parece que ele não tinha simpatia pela democracia, entendendo que sua presença prenunciava a decadência irreparável em qq país. Para ele a era moderna nascia sob o signo de um grande equívoco - a revolução francesa, responsável único pelas enormes modificações no universo social e cultural. Pensava que a decadência do mundo moderno facilmente se verificava pelo fato do centro da gravitação ter-se deslocado da personalidade aristocrática (Aristocrático aqui entendido no sentido que Aristóteles deu a esta palavra: o homem melhor, não necessariamente o de descendência nobre, o de sangue azul) - do homem de exceção, ser extraordinário e raro - , para uma órbita plebéia, concentrada no tipo comum, ordinário, dominada pela alma do rebanho, onde reinava o medíocre, o filisteu, o fracote, o doente. Logo, a ascensão das massas, tão celebrada e enaltecida pelos progressistas de todas as tendências e pelos políticos liberais-radicais do século XIX, não passava para ele de um sintoma da profunda crise geral da civilização européia. A coisa piora ainda mais, segundo ele, porque a mescla social, amplamente praticada na idade moderna, estimulada pela "superstição da igualdade entre os homens", promove a liberação dos instintos vis das camadas sociais inferiores. Contamina-se assim o ambiente com os vapores do ressentimento, do descontentamento, do impulso destruidor, anárquico e niilista. O homem especial, o excepcional, o fora de série, não só vê-se perseguido como também é forçado a introjetar algum tipo de culpa, condenando a si mesmo por não ser medíocre, por não ter uma alma de rebanho. É pertinente ao espirito da multidão que tudo domina querer aferrolhar os mais fortes, mantendo-os vigiados ou aprisionados. Cercam-nos para assim mantê-los num regime de subjugação de si mesmos, de reclusão ascética, fazendo de tudo para que eles não tenham consciência da sua importância. A valorização "cósmica" ,"absurda" da sociedade, em detrimento do aristocratismo - isso é do indivíduo mais qualificado -, força-o a que abandone "seus direitos", nivelando-o com os demais, submetendo-o ao império da mediania, ao peso do maior número.
Segundo Nietzsche, o produto disso é a supremacia do mau gosto e da vulgaridade que se infiltra em todos os meandros da vida organizada.
Essa visão é verdadeiramente do filósofo alemão?
Beijo
Lu