terça-feira, 16 de setembro de 2008

TEMA:ÉTICA (elaboração para o cadernode atividades)

Desenvolvimento do tema Ética: Resultado da elaboração para o caderno de atividades
Jone Dário Rodrigues da Cunha [1]
Tema: ÉTICA

Em todo o processo da construção humana, nunca um tema foi tão relevante e atual quanto a Ética, ela perpassa por todos os setores da Sociedade, na Família, na Política, na Religião, na Ciência, na História, na Teologia, na Antropologia, na Sociologia, nas Relações Humanas e na Filosofia. Quantos Debates, Fóruns, Simpósios e Congressos tiveram como centro de suas discussões a Ética nas mais variadas dimensões, vez por outra, a Ética precisa ser resgatada para que as pessoas não percam o sentido de suas ações, avaliando se determinada atitude foi uma atitude ética.
No mundo da Filosofia inúmeros Filósofos e Pensadores dedicaram toda sua vida investigando, analisando, argumentando e questionando a respeito da Ética. Porém, antes de analisarmos o que alguns Filósofos pensaram postularam sobre a Ética é importante vermos a sua definição juntamente com a Moral, pois, há sempre uma aproximação e distinção entre esses dois conceitos.
Moral tem em primeiro lugar, os dois significados correspondentes aos do substantivo moral, primeiro atinente á doutrina ética, segundo atinente á conduta, suscetível de avaliação moral. Outro conceito de Moral podemos defini-lo como um conjunto de regras de conduta consideradas, quer de modo absoluto para qualquer tempo ou lugar, quer para grupo ou pessoa determinada.
A Ética temos como definição o estudo dos juízos de apreciação que se referem á conduta humana. Em geral, ciência da conduta, no entanto, podemos ter duas concepções fundamentais a respeito dessa ciência, a primeira que considera ciência do fim para o qual a conduta dos homens deve ser orientada e dos meios para atingir tal fim, deduzindo tanto o fim quanto os meios da natureza do homem. A segunda concepção a que considera como ciência do móvel da conduta humana e procura determinar tal móvel com vistas a dirigir ou disciplinar essa conduta, nessas duas concepções as quais se misturaram de várias maneiras na Antiguidade e no mundo moderno, são profundamente diferentes e falam duas línguas diversas. A primeira fala a língua do ideal para o qual o homem se dirige por sua natureza e por conseguinte da essência ou substância do homem. A segunda diz respeito dos motivos ou causas da conduta humana, ou as forças que a determinam, pretendendo ater-se ao conhecimento dos fatos.
Após abordarmos essas definições nos deteremos agora sobre o que alguns Filósofos analisaram a respeito da Ética. Comecemos por Platão. As doutrinas éticas elaboradas por Platão se encontram expressa em A República e a que está expressa em Filebo, pertencem á primeira das concepções que abordamos anteriormente. A Ética exposta na República é uma Ética das virtudes, e as virtudes são funções da alma determinadas pela natureza da alma pela divisão das suas partes. A Ética de Filebo começa definindo o bem como forma de vida que mistura inteligência e prazer sabendo determinar a medida dessa mistura.
Em Aristóteles temos como postulado da Ética o propósito da conduta humana, a felicidade, á partir da natureza racional do homem e logo em seguida ele determina as virtudes que são condição da felicidade.
Podemos encontrar também a Ética dos estóicos, com a sua máxima fundamental de viver segundo a razão, deduz as normas de conduta da natureza racional e perfeita da realidade. Quando vemos alguns desses filósofos e correntes filosóficas analisarem a respeito da Ética imaginamos que seus conceitos e análises já nos deram uma definição completa, fechada.
No entanto, a Filosofia Moderna, apresenta para nós um Filósofo que soube como ninguém analisar sistematicamente e categoricamente a Ética em todos os seus estilos, formas, sentidos, concepções e definições no mais alto grau, formalista e sistemático em seus fundamentos e argumentos: nascido numa pequena cidade da Prússia, Konisgsberg, Immanuel Kant (1724 – 1804) postulou a Etica sobre o tribunal da razão, ponto de convergência do pensamento filosófico anterior, a obra de Kant constitui ao mesmo tempo, fonte da qual brota a maior parte das reflexões dos Séculos XIX, XX e adentrando ao Século XXI.
O universo espiritual, submetido por Kant ao crivo da análise crítica, é composta de elementos variados e esses elementos podem ser sintetizados em torno de duas grandes questões, á partir das quais se desdobram inúmeras outras.
A primeira grande questão diz respeito ao conhecimento, suas possibilidades, seus limites e suas esferas de aplicação. A segunda grande questão que sintetiza o universo das idéias ao tempo de Kant e ao nosso tempo também é o problema da ação humana, ou seja, o problema ético.
O que Kant quer tratar de analisar, argumentar é saber não o que o homem conhece ou pode conhecer a respeito do mundo e da realidade última, mas do que deve fazer, de como agir em relação a seus semelhantes, de como proceder para obter a felicidade ou alcançar o bem supremo.
A essas duas grandes questões aliaram-se no espírito de Kant os problemas da apreciação estética e das formas de pensamento da biologia, cujas peculiaridades em relação ao problema do conhecimento e ao problema ético articulou numa visão sistemática das funções e dos produtos da razão humana. Foi sobretudo em três grandes obras: Crítica da Razão Pura (1781) analisa o problema do conhecimento; Crítica da Razão Prática (1788) analisa o problema ético e moral; Crítica da Faculdade do Juízo (1790) estuda a beleza natural e artística e o pensamento biológico; outra obra pautada neste terreno da moral é a Fundamentação da Metafísica dos Costumes (1885), nesta Kant afirma a necessidade de formular uma filosofia moral pura, despida, portanto, de tudo que seja empírico.
Dentro dessa perspectiva, a moral é concebida como independente de todos os impulsos e tendências naturais ou sensíveis, a ação moralmente boa seria a que obedecesse unicamente á lei moral em si mesma e esta seria somente estabelecida pela razão, o que leva a conceber a liberdade como postulado necessário da vida moral. Em suma, para Kant, a vida moral somente é possível na medida em que a razão estabeleça, por si só, aquilo que se deva obedecer no terreno da conduta. Todas essas questões filosóficas compareceram diante de um tribunal, especialmente formado para julgar a razão: a crítica.
A análise do problema ético e moral abordados na sua segunda grande obra kantiana, nos faz refletir a respeito de nossas atitudes e o valor moral que damos a ela: Na Crítica da Razão Prática Kant procura salvar a metafísica, demolida na Crítica da Razão Pura. No campo prático, do agir, o valor, a moralidade, é dada sistematicamente a priori, pois, esta se impõe dum mundo absoluto, necessário, não por parte de Deus, mas por parte do homem, donde a autonomia da moral kantiana.
Entretanto, a ação moral é válida, como abordamos anteriormente, enquanto é imune de elementos sensíveis (instintos, impulsos, paixões), diferentemente do conhecimento científico, que sem elementos sensíveis e materiais, seria vazio e formal. A pureza inteligível da moralidade – razão prática – imune de toda sensibilidade daria á razão prática um primado sobre o conhecimento – razão teorética - onde o elemento inteligível, formal, é necessariamente contaminado pela sensibilidade. Os postulados da razão prática são Deus, Alma e a Liberdade. Tais postulados seriam deduzidos pelo fato de que a moralidade é um valor absoluto, mas desconhecia ao mundo.
Daí a necessidade de um outro mundo, onde a virtude seja justamente recompensada; a necessidade da liberdade da vontade, para que seja possível o juízo moral; a necessidade de Deus, juiz das almas. Este contraste entre virtude e felicidade parece ser explicado por Kant mediante a sua doutrina do mal radical, a quebra do imperativo categórico, no seu grau mais fundamental.
As obras de Kant que tratam dos problemas morais não abordam os costumes e as ações humanas, tais como elas ocorrem de fato. O Filósofo alemão buscou os princípios necessários e universais das ações humanas enquanto produtos da razão pura em sua dimensão prática.
Durante a pesquisa e análise deste tema um tanto quanto desafiador, podemos perceber que em última instância, as pessoas pelas quais entrevistamos foram unânimes no conceito sobre Ética, todas elas afirmaram que se a Ética é aquilo que trago comigo, minhas ações morais, pratico e me faz bem, também faz bem ao próximo, assim pontuaram: ser honesto, não mentir, ser fiel aos compromissos, ter uma conduta íntegra quanto ao meu estado de vida que optei, salvaguardar os valores cristãos, defender a vida, resgatar a dignidade humana em toda a sua dimensão, amar ao próximo desinteressadamente, perdoar sem alimentar remorsos, enfim, procurar nas minhas atitudes, fazer sempre bem ao próximo.
Portanto, desde as pessoas mais simples, como agricultores e donas-de-casa, até aqueles que são formados e têm uma função ética e pastoral na Sociedade, como Padres, Prefeitos, Juízes, enfim, todos, mesmo com outras palavras expressaram a tese fundamental do imperativo categórico de Kant : a virtude por si só não adquiri garantia nenhuma, somente a ação moral irá validar esta virtude.

“Silenciemos a respeito de nós mesmos”
“Age de tal modo para que a norma de seu proceder possa torna-se uma Lei Universal” ( Immanuel Kant)

Referência Bibliográfica

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Aurélio século XXI: o dicionário da língua portuguesa. 3. Ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,1999, 2128.

ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia, 4º ed. Martins Fontes. São Paulo, 2000.

ABBAGNANO, Nicola. História Da Filosofia, v. VIII. ed. Presença.

KANT. Immanuel. Crítica da razão pura, v. XXV. 1º ed.”Coleção: Os Pensadores”


[1] Graduando de Licenciatura do Curso de Filosofia, da Pontifícia Católica do Paraná.

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