segunda-feira, 17 de março de 2008

Comentário - teatro: Édipo Rei

A tragédia escrita pelo dramaturgo grego Sófocles " Édipo rei" têm sua continuidade em "Antígona". Édipo, filho de Laio e de Jocasta, é o herdeiro da maldição que assolava os Labdácias, abandonado no seu nascimento no Monte Citerão, poís, Apolo predisse a seu pai que se este gerasse um filho, o mesmo o mataria. Encarregado de executar esta missão, o criado, perfura-lhe os pés com um gancho de forma para assim suspender o menino em uma árvore, esse acontecimento explica o fato pelo qual, que sendo encontrado por alguns dos pastores, é chamado de Édipo, significando "pés inchados". Sendo levado ao rei de Corinto, Pólido, que o adotou como filho, por este não ter tido filhos, o jovem Édipo ao ser interpelado numa festa em que participava como filho postiço resolveu consultar o oráculo de Delfos para assim descobrir sua origem. No entanto, não obtendo resposta precisa Édipo defrontou-se com uma dramática e aterrorizante revelação: ele não somente mataria o pai, mas desposaria com a própria mãe. Para todos aqueles que já tiveram a opotunidade de ler a obra de Sófocles, sabe muito bem os acontecimentos que se desenrolarão ao longo do texto, até o seu desfecho. A obra deste Filósofo nos proporciona analisarmos seu contexto fazendo uma hermenêutica filosófica para a nossa realidade, a sina de um homem em descobrir sua terrível maldição, nos leva a pensarmos o quanto o desejo de impor algo é inerente em nossas vidas e o quanto ele é prejudicial quando está sintonizado com o poder e a paixão. Édipo, mostrasse corajoso quando enfrenta e mata, sem saber, seu pai Laio a caminho de Tebas, decifra a pergunta da Esfinge e como prêmio torna-se rei de Tebas e casa-se, sem saber que seria sua mãe, com Jocasta. A sua imposição como rei e soberano nos leva a refletir filosoficamente todo um resgate do poder do homem, propriamente dito, acima das pessoas e o quanto a fragilidade é susceptível ao ser humano quando o poder lhe foge das mãos e ele não têm onde mais sustentar-se. A história humana está permeada por esta centralidade do homem e o seu desejo de poder e paixão, basta vermos os folhetins de novelas, filmes, poesias, épicos, dramaturgias...sempre ou quase sempre teremos um homem fechado em seu poder acompanhado pela sua grande e intrepidante paixão, a mulher, que muitas vezes foi vítima deste poder masculino-opressor. Hoje mais do que nunca a questão filosófica, do poder do homem, é emergente quando tratamos do patriarcalismo presente em muitas civilizações e presente também em nossa sociedade. É preciso termos uma análise crítica e consciente dessa realidade, trazermos a obra de Sófocles para os nossos dias e o que de importante podemos extraí-lo para as nossas vidas e nossa formação, não analisarmos somente numa óptica psicanalista, como já foi bastante e demasiadamente analisada em todo este tempo.

Um comentário:

Tânia Paschoal disse...

Muito legal a contextualização que você fez comparando a tragédia do Èdipo com a atualidade, mostrando que desde a época narrada até os dias de hoje o homem continua o mesmo egoísta de sempre: "A história humana está permeada por esta centralidade do homem e o seu desejo de poder e paixão, basta vermos os folhetins de novelas, filmes, poesias, épicos, dramaturgias..."