
Em Antígona, temos a tragetória que se remonta aos filhos homens de Édipo, Etéocles e Polinice que morrem em batalha no mesmo dia, um contra o outro na cidade de Tebas a qual passa a ser governada pelo rei Creonte cunhado de Édipo. O rei Creonte manda enterrar com todas as honras a Etéocles, no entanto, lança um edito para que Polinices não tenha um enterro digno de honra, por este ter sido um traidor. Porém, Antígona, irmã dos irmãos falecidos, desobedece ao edito do rei e presta as devidas honras fúnebres ao morto, com esta sua atitude audaz e corajosa é condenada á morte. Esta célebre obra do Filósofo grego Sófocles, nos leva a um debate e reflexão filosóficos no que diz respeito ao cumprimento de uma lei estatal, a coragem de uma mulher que fiel a sua lei moral e ao preceito religioso de seus deuses que mandava prestar homenagens fúnebres aos parentes mortos, transgride a lei estatal, mesmo sabendo que esta sua atitude a levaria a condenação á morte, como mostra nas suas próprias palavras ao rei Creonte:"Nem eu supunha que tuas ordens tivessem o poder se superar as leis não-escritas, perenes, dos deuses, visto que és mortal. Poís, elas não são de ontem, nem de hoje, mas são sempre vivas, nem se sabe quando surgiram. Por isso, não pretendo, por temor ás decisões de algum homem, expor-me á sentença divina" (pg.36). A desobediência de Antígona expressava uma ação contra o poder de Creonte, contra as leis do Estado, contra o próprio dierito soberano. Estas palavras de Antígona, nos remonta na história humana, a coragem, a força, a ousadia e a fidelidade de grandes mulheres que como ela, não se deixaram levar por uma lei de um soberano, para ilustrar citarei apenas duas dessas mulheres, Ester e Judite, figuras ímpares no contexto bíblico do Antigo Testamento: Ester é conhecida pelo célebre episódio do decretado morticínio dos judeus pelo rei Assuero, mas devido a coragem e a intervenção de Ester junto ao rei, este revoga o seu edito e decreta a libertação de seu povo judeu. Em Judite temos a sua força e coragem ao enfrentar Holofernes, general do rei Nabucodonosor, em prol da libertação de seu povo contra a tirania do rei, ao poder descomensurado de um senhor general é fragmentado e derrubado pela coragem de uma mulher judia, que é fiel a sua lei divina e ao seu Deus. Tanto em Judite, como em Ester e em Antígona, temos em comum a coragem dessas mulheres de lutar contra poderes opressores de reis e soberanos e serem fiéis as suas leis e crenças divinas. A figura dessas mulheres, junto com a atitude de Antígona, nos leva a uma profunda reflexão filosófica sobre o papel da mulher numa sociedade machista e o espaço que ao longo dos tempos ela vem conquistando com garra e determinação nessa mesma sociedade, infelizmente que em alguns setores e camadas a imagem da mulher continua sendo ligada como um objeto de prazer e consumo e que o devido respeito e reconhecimento que lhes devem ser considerados e resgatados estão ainda tão longe de acontecer. A obra de Sófocles, Antígona, nos proporciona a fazer inúmeras leituras e reflexões de temas de grandes envergaduras como a moral, a lei, a tirania, a política e muito mais, no entanto, nenhum deles envolve tanto debate e discussão quando está envolvida a figura da mulher como protagonista e senhora de sua história e esta discusão ainda faz parte do presente na análise de vários pensadores e críticos da filosofia e também da própria história.
Um comentário:
Jone,
gostei muito da forma como você constriui esse texto, ilustrou bem a história da peça e ao mesmo tempo exaltou a personalidade da Antígona, ponto que penso fundamental para se entender a grandiozidade da obra em questão...
está muito legal, tem alguns errinhos de pontuação e de acentuação, porém nada que comprometao teu texto...
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